Bússola

Um conteúdo Bússola

Vida corporativa: seu CEO quer que você volte ao escritório?

A preocupação com a covid-19 ficou para trás: a principal questão agora é o equilíbrio pessoal

Saúde mental é o fator pelo qual muitas pessoas preferem evitar ir ao escritório. (staticnak1983/Getty Images)

Saúde mental é o fator pelo qual muitas pessoas preferem evitar ir ao escritório. (staticnak1983/Getty Images)

B

Bússola

Publicado em 11 de agosto de 2021 às 20h24.

Última atualização em 11 de agosto de 2021 às 20h25.

Por Rodrigo Pinotti*

Na semana passada fiz um apelo neste espaço para que não deixássemos os escritórios morrerem. Recebi alguns retornos, a maioria apoiando o retorno, alguns contra — todos apaixonados e contundentes, porém. Se há um tema capaz de mobilizar as pessoas, este é a discussão sobre voltar ao não ao escritório.

Quem disse ser contra basicamente não quer perder a liberdade de aliar o desempenho profissional com o maior contato com a família, ou trabalhar em horários mais alternativos, ou apenas evitar o trânsito. Isso é absolutamente compreensível. Todo mundo encontrou um novo equilíbrio nesse período, e muita gente gostou dele.

Há dados reveladores em uma pesquisa recente do The Conference Board, think tank global que faz pesquisas sobre basicamente tudo (é verdade; eu não conhecia esses caras, mas agora vou virar assíduo. É uma ótima fonte para referências aleatórias que ajudam a comprovar as teses que eu invento do nada em artigos como este). Em geral, mulheres, millenials e trabalhadores em posições de entrada são mais refratários à ideia de retornar aos escritórios, enquanto CEOs, homens e baby boomers são aqueles que têm menos preocupações com isso.

Pensando bem, isso surpreende um total de zero pessoas.

O mais interessante está nos motivos apresentados. A covid-19 não é mais a principal preocupação das pessoas quando se fala em voltar aos espaços corporativos, o que reflete o avanço da vacinação e a queda no volume de internações e mortes. A principal razão apontada para evitar um retorno ao modelo antigo é a saúde mental, bem como os casos de stress e burnout que ele gerava. Em seguida, há a argumentação de que a produtividade subiu no home-office — mais de um terço das pessoas disse que o engajamento geral na organização subiu, enquanto metade disse que permaneceu o mesmo.

Outro ponto relevante é que os respondentes apontam que mais da metade das pessoas em suas organizações passarão a trabalhar um modelo híbrido, mesclando o home-office com a presença física. “Enquanto há muitas dificuldades envolvendo um modelo híbrido, a maioria dos trabalhadores quer ter a flexibilidade de decidir o que é melhor para si próprio”, disse uma porta-voz do The Conference Board.

Vejo o modelo híbrido como o melhor, de fato, para aquelas organizações que de fato perceberam uma maior produtividade durante o último ano e meio. Alugar um escritório é caro e, se é desnecessário, acaba sendo também burro. Manter as pessoas satisfeitas eleva o engajamento, e se o modelo híbrido contribui para isso, tanto melhor (lembro que estamos falando aqui de gente que pode optar pela flexibilidade, claro, o que não é o caso de uma grande parte dos trabalhadores).

O grande desafio é mesmo organizar essa presença e conseguir alcançar um modelo que funcione para todos — mas, se conseguimos fazer isso bem no meio de uma pandemia, não há motivo para que não consigamos fazer isso agora que as coisas começam a voltar a algum nível de normalidade.

*Rodrigo Pinotti é sócio-diretor da FSB Comunicação

**Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

Siga a Bússola nas redes: Instagram | LinkedinTwitter | Facebook | Youtube

Acompanhe tudo sobre:Comportamentoflexibilidade-no-trabalhoHome officePandemia

Mais de Bússola

Climatechs: o setor emergente que pode transformar a resposta do Brasil à crise climática

Brasil recebe congresso de educação ambiental para países falantes da língua portuguesa

Distribuição pode ser fator determinante no crescimento do mercado de seguros na América Latina

Com educação, agronegócio pode acelerar modernização causando impacto social positivo