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TV por assinatura desidrata no Brasil: 170 mil a menos por mês em 2021

Mercado precisa se reinventar para poder sobreviver à crise, agravada pela pandemia de covid-19

Queda de assinantes de TV paga começou com crescimento do streaming. (iStock/Thinkstock)

Queda de assinantes de TV paga começou com crescimento do streaming. (iStock/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 12 de junho de 2021 às 11h00.

Por Danilo Vicente*

A TV por assinatura está em crise no Brasil. Quem aponta é a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações): 2021 registra perda de 170 mil clientes por mês, de acordo com dados até abril. É muita gente, mais que o dobro do ritmo médio de perda registrado em 2020 (77 mil clientes mensalmente).

Em abril, segundo os dados mais recentes divulgados pela agência, o setor de TV paga perdeu 156,9 mil assinantes, menos que a média mensal, mas ainda assim mantendo a queda pesada. Hoje, registram-se 14,1 milhões de usuários no país – em janeiro de 2020 eram 15,6 milhões.

Essa é a marca mais baixa da base desde agosto de 2012, quando a TV paga registrou 14,8 milhões de assinantes. Na época, a TV por assinatura vivia um período próspero, que chegou ao ápice em novembro de 2014, com 19,8 milhões de assinantes. Então, projeções otimistas indicavam que em cinco anos o país poderia estar perto dos 25 milhões de assinantes.

Eis que veio o forte crescimento do streaming, puxado pela Netflix, e com seus concorrentes surgindo na sequência. Essa “desidratação” é mundial, mas no Brasil agrega um fator. Por aqui a chamada IPTV (método de transmissão de sinais televisivos por meio de redes IP), junto com sites, aplicativos e outras ferramentas, também cresce aceleradamente. É, sem rodeio, pirataria que chega a mais e mais televisores.

Em abril, a operadora que mais perdeu base de assinantes foi a Sky (menos 89,4 mil). Ela é a segunda maior no país, com 4,1 milhões de assinantes. A Claro, primeira no ranking com 6,6 milhões, perdeu 79 mil assinantes. A Oi, com 1,7 milhão, foi a única que registrou ganho — 13,1 mil assinantes. E a Vivo, que tem 1,21 milhão, perdeu 12 mil assinantes.

O caminho parece sem volta, mas deve chegar a um piso (bem baixo, é verdade) e se estabilizar. Evidentemente, os 14,1 milhões de usuários brasileiros representam um número que chama atenção. Entretanto, está aquém da capacidade em um país com quase 212 milhões de habitantes: 6,6% do total. Nos Estados Unidos hoje são cerca de 70 milhões para 329 milhões de habitantes (21,1%), mas a queda é também grande: 20 milhões a menos que cinco anos atrás.

A crise financeira causada pela pandemia da covid-19 no Brasil e o elevado preço da TV por assinatura só agravam a situação. Ou a TV paga nacional se reinventa ou o fim, ou quase isso, chegará.

*Danilo Vicente é sócio-diretor da Loures Comunicação

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