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TSE e redes sociais: é hora de virar o jogo contra as fake news

Especialista em inovação e comunicação digital analisa a parceria da Justiça Eleitoral com plataformas digitais para enfrentar a desinformação

 (Rodrigo Loureiro/Exame)

(Rodrigo Loureiro/Exame)

Isabela Rovaroto

Isabela Rovaroto

Publicado em 6 de outubro de 2020 às 20h29.

Última atualização em 6 de outubro de 2020 às 20h29.

O processo eleitoral municipal deste ano será educativo em vários aspectos. E talvez o Brasil tenha a chance preciosa de, finalmente, achar um caminho para travar uma batalha de maior sucesso contra as fake news e todo o processo de desinformação que temos vivido nos últimos anos.

Abro um parêntese para um efeito memória persistente. Sempre que penso nesse tema, lembro-me de quantas vezes já vimos notícias – verdadeiras – das lideranças de Facebook, Whatsapp, Instagram e Twitter em intermináveis sessões no Congresso Americano. Sempre afirmando o compromisso em deter a desinformação mas, na hora de realmente listar o que será feito, as respostas ficam evasivas.

Eu tenho uma metáfora que uso muito para explicar a clientes como funciona a gestão de uma crise de reputação: o cenário é como o jogo Brasil e Alemanha na Copa de 2014. Mineirão lotado. 7x1 para alemães, como sabemos. Todo esforço de reconstrução de informação se dá na tentativa de diminuir os danos. Ir para um 7x3 ou 7x4. Quem sabe 7x5?

E é exatamente essa metáfora que também serve para que a gente observe como este laboratório de comunicação digital que teremos em novembro vai acontecer: o TSE firmou parcerias importantes com as plataformas sociais. A principal delas é com Whatsapp, talvez o maior vilão de escoamento dessa lama falsa de informações diárias. Diga-se, um vilão criptografado e não monitorável. Inimigo nada fácil.

Mas, pela primeira vez no mundo, a plataforma (cujo dono é o Facebook, como sabem) vai permitir que o TSE tenha um chatbot dentro do aplicativo que vai ajudar em todo o ciclo: desde envio de informações sobre procedimentos sanitários na votação até o efetivo combate às fake news ao apontar o que estará circulando de conteúdo falso nas redes. E mais: a criação de um formulário que permitirá que se denunciem contas suspeitas de fazer disparos em massa.

É muita gente que precisa se mobilizar nesse jogo contra a desinformação: os políticos, os eleitores, as instituições, os partidos, a sociedade civil organizada. Todos têm a responsabilidade de mexer nas peças dessa partida vergonhosa que as fake news trouxeram para a sociedade em rede. E não só. As eleições municipais serão um laboratório para que os eleitores possam observar seus candidatos atuando ou não contra as informações falsas, creditando ou debitando votos para eles também por isso, não é mesmo?

E fica aqui um elogio ao TSE que, nos últimos anos, sempre foi acusado de ser lento nesse processo digital. Essas iniciativas estruturadas com todas as redes, embora eu só tenha citado o WhatsApp, são muito importantes. Nós sabemos que o jogo não vai virar para 7x8. Mas a gente sabe que não dá mais para passar uma vergonha do tamanho de um 7 x1. Alea jacta est!

 

* Sócia-diretora Digital&Inovação da FSB Comunicação

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