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Temendo escalada de mortes, brasileiro aposta tudo na vacina contra covid

Números mostram que cenário de aceleração de casos e óbitos não deve melhorar, pelo menos nos próximos dois meses

Números mostram que cenário de aceleração de casos e óbitos não deve melhorar, pelo menos nos próximos dois meses (Tarso Sarraf/Getty Images)

Números mostram que cenário de aceleração de casos e óbitos não deve melhorar, pelo menos nos próximos dois meses (Tarso Sarraf/Getty Images)

AM

André Martins

Publicado em 22 de março de 2021 às 13h18.

Última atualização em 22 de março de 2021 às 18h48.

À medida que a pandemia escala cada vez mais no Brasil, que esta semana deve romper a trágica barreira das 300 mil mortes, o brasileiro vai se apegando à esperança da vacinação. Hoje, de acordo com pesquisa do Datafolha, 84% da população dizem que pretendem se vacinar.

Somados aos 5% de entrevistados que já receberam ao menos a primeira dose, temos que 9 em cada 10 brasileiros acreditam na vacina.

Não é pouco. Em meados de dezembro do ano passado, quando a guerra política acerca dos imunizantes atingia seu auge e os números de casos e mortes da pandemia eram bem menos impactantes, apenas 73% da população diziam que pretendiam se vacinar. Na outra ponta, de lá para cá, caiu de 22% para 9% o percentual dos que não pretendem se vacinar.

E, apesar de toda a lentidão da campanha de imunização, que até este domingo aplicou as duas doses necessárias em apenas 4,2 milhões de pessoas (ou 1,96% da população), a maioria dos brasileiros está querendo acreditar: pesquisa do Instituto FSB revela que 58% da população estão otimistas com a vacinação, enquanto apenas 36% se dizem pessimistas.

Enquanto aguarda ansiosamente para ser vacinado, o brasileiro convive com números cada vez mais alarmantes. Na semana terminada neste domingo, morreram de covid-19 em todo o país 15.813 pessoas, um crescimento de 23,4% sobre a semana anterior.

Vivemos a pior semana desde o surgimento do coronavírus, no início de 2020. Para se ter uma ideia, somente nos últimos sete dias morreram mais pessoas do que nos primeiros 50 dias da pandemia, entre 26 de março – quando foi oficialmente registrado o primeiro caso no Brasil – e 16 de maio.

Nos últimos sete dias, a média móvel de mortes atingiu recordes 2.259 óbitos por dia. Estamos há 60 dias com média móvel acima do patamar de 1.000 mortes diárias. Na primeira onda, foram apenas 40 dias.

São 25 dias consecutivos de recordes negativos nesse indicador. Somente no mês de março, a média diária cresceu 87,5%.

Casos projetam mais caos

Se os números atuais de mortes comprovam o pior momento da pandemia no Brasil, as projeções de curto e médio prazo indicam que o quadro não deve mudar logo.

Há pouco mais de um mês a média diária de novos infectados cresce vertiginosamente. Atingiu neste domingo a pior marca de toda a pandemia, com 73,5 mil novos casos/dia. Apenas em março, a média móvel de casos cresceu 34,4%.

A forte alta nos diagnósticos oficiais hoje projeta novos aumentos no número de mortos nas próximas duas ou três semanas. Tem sido assim ao longo de toda a escalada da doença. Essas projeções tendem a ser agravadas pelo atual cenário de hospitais lotados, com faltas de UTIs, medicamentos e profissionais de saúde.

Sinal de que pelo menos até o final de abril pouca coisa deve mudar nesse triste cenário de mortes. Para piorar, o contágio segue acelerado.

De acordo com o Imperial College, na última semana a taxa de transmissão (Rt) saltou de 1,11 para 1,23. Significa dizer que, hoje, cada 100 infectados contaminam outros 123. Esses 123 novos contaminados contaminarão 151, que contaminarão outros 186 e assim por diante. Sempre que o Rt está acima de 1,0, significa que a pandemia está em aceleração. Abaixo, está arrefecendo.

Ao que tudo indica, o contágio segue em aceleração no Brasil, em velocidade maior do que em qualquer país do mundo. Caso as medidas restritivas, incluindo lockdowns, e a tão sonhada vacinação não desacelerarem o ritmo da contaminação, pode ser que a segunda onda entre com força ainda ao longo de maio.

O horizonte dos próximos dois meses não promete ser dos mais animadores.

* Marcelo Tokarski é sócio-diretor do Instituto FSB Pesquisa e da FSB Inteligência

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