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Tatiana Ribeiro: precisamos de união para estratégia de IA responsável

Inovação no Brasil depende de ações integradas para alavancar a inteligência artificial

Sabemos que as novas tecnologias são potenciais aceleradoras da economia e do aprimoramento da indústria e dos serviços públicos (MTStock Studio/Getty Images)

Sabemos que as novas tecnologias são potenciais aceleradoras da economia e do aprimoramento da indústria e dos serviços públicos (MTStock Studio/Getty Images)

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Publicado em 13 de dezembro de 2024 às 15h00.

Por Tatiana Ribeiro, diretora-executiva do Movimento Brasil Competitivo

O debate sobre a inteligência artificial, um tema que está mobilizando governos e setor produtivo em todo mundo, chegou ao Brasil e não está associado apenas à tramitação do Projeto de Lei 2338/2023, atualmente no Senado. Não há dúvidas sobre a necessidade de se criar um arcabouço regulatório que permita a inovação e o desenvolvimento de novas ferramentas. No entanto, esse passo é apenas uma fração do que precisamos caminhar. Para que o Brasil realmente aproveite as oportunidades oferecidas pela IA e avance, precisamos olhar para outras questões, incluindo o letramento digital, a formação e requalificação de mão de obra, a modernização das infraestruturas e segurança cibernética.

Sabemos que as novas tecnologias são potenciais aceleradoras da economia e do aprimoramento da indústria e dos serviços públicos. O que precisamos é unir forças para garantir que o país esteja preparado para lidar com essas novas ferramentas. Pensando nisso, o relatório “Inteligência Artificial: Vetor para Competitividade”, elaborado pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC) e pela Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo (FPBC), enfatiza a urgência de uma estratégia nacional de IA que vá além das normas. Essa estratégia deve incluir iniciativas transversais voltadas para ações de impacto social, o que inclui educação de qualidade, capacitação profissional e requalificação da força de trabalho, sem deixar de lado os aspectos culturais e éticos no uso da IA.

Esforço conjunto para acelerar a transformação digital

Implementar essas ações demandará um intenso diálogo entre os setores público e privado e um esforço coletivo. Ao reunir empresas de diferentes áreas, entidades do setor produtivo e líderes governamentais para a formulação do relatório, buscamos desmistificar a ideia de que a discussão sobre IA se limita aos interesses das grandes companhias de tecnologia. Discutir tecnologias emergentes significa pensar também nas startups e nos pequenos e médios negócios, que são fundamentais para a economia brasileira. Significa acelerar a transformação digital, que não só contribui para a redução do Custo Brasil, atualmente estimado em R$ 1,7 trilhão, mas que também pode ser um fator de diferenciação competitiva para o Brasil. Discussão que avançará a passos lentos se não considerarmos as mudanças no mercado de trabalho e nas interações cotidianas.

Quando falamos de mercado de trabalho, observamos a necessidade de políticas que olhem para programas educacionais e de formação contínua da educação básica ao ensino superior. Promover a requalificação de trabalhadores em setores impactados pela automação deve ser uma prioridade. Reter talentos no país e preparar a força de trabalho, também. Essas ações não são apenas uma questão de competitividade, mas de promoção de um ambiente onde todos possam prosperar. Inclusão também é um vetor de desenvolvimento de um país.

Segurança e pesquisa como pilares éticos na IA

Outra urgência identificada é o aumento de investimentos em pesquisa e desenvolvimento, contemplando parcerias internacionais e a criação de laboratórios de inovação. Além disso, precisamos promover a segurança na implementação da IA, estabelecendo protocolos e diretrizes que garantam o uso ético e responsável da tecnologia, protegendo dados sensíveis e garantindo a privacidade dos cidadãos. Esse compromisso ético com a tecnologia estabelece a confiança da população nas inovações e facilita a adesão às ferramentas.

Ao realizar um benchmarking internacional, encontramos diversos exemplos de adequação à inteligência artificial. E isso não se refere apenas a projetos de lei ou aos interesses de grandes empresas de tecnologia. Tem a ver com ações estruturadas que promovem sinergia com diferentes atores da sociedade para a engrenagem da inovação girar. No Canadá, o governo investe em centros de excelência em IA e programas de formação, promovendo colaboração com a academia e a indústria. Nos Estados Unidos, há parcerias público-privadas que estimulam a pesquisa em IA nas universidades e o desenvolvimento de um mercado competitivo. O Japão, por sua vez, encontrou um modelo de flexibilidade regulatória que cria um ambiente de inovação adaptativo, permitindo a pesquisa e o desenvolvimento sem restrições excessivas.

Sem dúvidas, temos potencial para alcançar esse nível de performance. Para chegarmos à maturidade no desenvolvimento e uso da inteligência artificial, é importante que consideremos não apenas a regulação, mas também a promoção de um ambiente que estimule a inovação responsável.

É hora de agirmos e investirmos nas bases necessárias para colhermos os frutos da digitalização da economia e reduzirmos os gargalos de um país que pode se tornar cada vez mais competitivo. Mas precisamos ser mais ágeis e unidos para que isso aconteça.

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