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Startup de energia solar investe para compensar emissões de carbono

Edmond é a única startup entre 17 empresas a representar o Brasil no 2º Programa Ambição pelos ODS da ONU

Monalisa Gomes: Edmond será a precursora em lançar o frete neutro no setor (Divulgação/Divulgação)

Monalisa Gomes: Edmond será a precursora em lançar o frete neutro no setor (Divulgação/Divulgação)

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Publicado em 25 de julho de 2022 às 08h46.

Criada no final de 2020, a Edmond oferece soluções tecnológicas e financeiras ao mercado de energia solar distribuída tanto para quem empreende no segmento quanto para o cliente final. Além disso, desde sua fundação estabeleceu como meta fazer com que as práticas ESG fizessem parte do negócio e planeja liderar a pauta ESG no mercado de energia limpa.

A companhia é signatária do Pacto Global da ONU, e, com pouco menos de dois anos de fundação, a greentech é a única startup entre 17 empresas a representar o Brasil no 2º Programa Ambição pelos ODS, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela Organização das Nações Unidas.

Atuando como ecossistema digital pioneiro, a startup oferece meios de pagamentos e financeiros “green”, além de soluções tecnológicas de gestão e expansão de negócios em toda cadeia com alto impacto positivo ambiental e social, destinados exclusivamente para implantação de projetos de energia solar.

Na frente sustentável, além de viabilizar financeiramente a aquisição de geradores de energia não poluentes, a Edmond, em sua nova versão da plataforma possibilitará a compensação de dióxido de carbono emitido durante o transporte e entrega de seus equipamentos até o seu cliente final, contribuindo com meio ambiente e compensando a alta poluição gerada pelos transportes. Será a precursora em lançar o frete neutro no setor.

A Bússola entrevistou Jackson Chirollo, CEO da Edmond, e Monalisa Gomes, conselheira da companhia sobre essas iniciativas.

Bússola: Em sua visão, qual o papel da inovação para atingimento dos ODS?

Monalisa Gomes: Acredito que a inovação é parte fundamental. Até porque a inovação não é só o que é disruptivo. Ela está no dia a dia, nas pequenas ações e melhorias de processos. Até mesmo no trabalho que estamos desenvolvendo com a ONU a gente está inovando ao trazer governança, linkar a estratégia com parâmetros globais.

Jackson Chirollo: Para a gente, enquanto startup, logo nos primeiros meses a gente assumiu o compromisso de se tornar signatários do Pacto Global da ONU. A gente está em um momento de transição no setor energético, de descentralização. Em paralelo, a gente está no único momento em que temos todas as gerações consumindo produtos e serviços ao mesmo tempo. Quando a gente fala de inovação, é preciso pensar sobre quem serão os tomadores de decisão daqui cinco a dez anos.

Nessa perspectiva, as empresas que não tiverem um olhar atento à questão da sustentabilidade não serão capazes de atender. Costumo dizer que a pauta ESG não é só para empresas grandes, mas para todos. E é mais fácil implementar desde o início do que depois de alguns anos. Vejo que nesse segundo caso é muito difícil.

Bússola: Atualmente, quais são os principais desafios da agenda a serem endereçados via inovação?

Monalisa Gomes: Dentro das nossas contribuições para os ODS, a gente vê algumas agendas prioritárias: mudanças climáticas, tema no qual a gente contribui com a descentralização do mercado de renováveis, permitindo acesso a qualquer pessoa. Outro ponto relevante é o do salário digno, em que as edutechs contribuem para desenvolver a sociedade. O acesso à tecnologia e disseminação de conhecimento para todos que têm interesse é outra frente.

Bússola: Tradicionalmente, o segmento de startups foca no crescimento. O que as startups de impacto possuem de diferente?

Jackson Chirollo: Crescimento importante, mas não é só isso. A Edmond nasceu com um propósito de sustentabilidade. Por escolha, a gente não aceitou aporte no early stage e decidiu caminhar com as próprias pernas. Nesse caminho, a gente vai direto para uma série A, o que fortaleceu o nosso valuation. Ao longo dos dois anos, por exemplo, a Edmond conseguiu atingir uma maturidade de governança que normalmente levaria cinco anos.

Também fizemos assessment do GPTW, da B-Corp e estruturamos um conselho consultivo que toma as decisões estratégicas de forma colegiada. No momento de turbulência que o mercado de startups vive, a gente está conseguindo ser percebido como uma empresa que se estruturou para crescimento sustentável.

Bússola: Por que é relevante que empresas pequenas já pensem em suas estruturas de governança?

Jackson Chirollo: Nessa jornada de startups tudo pode dar errado no começo. Um dos maiores motivos é exatamente o acordo entre os sócios fundadores em quais são as diretrizes da empresa. Para a gente evitar esses conflitos, a gente quis deixar claro que a empresa teria uma governança. Não é fácil começar já com essa estrutura, mas hoje a gente vê que valeu a pena, pois há harmonia entre os fundadores e todo mundo sabe sua responsabilidade.

Monalisa Gomes: Além disso, quando a gente estabelece a governança, a regra do jogo fica clara. E não tem o choque cultural da implementação de processos, que acaba acontecendo de uma forma mais natural. Por exemplo, no tema da contabilidade e planejamento financeiro ou de documentação da empresa, que costumam gerar problemas em empresas menores. A negligência com esses temas no começo pode matar o negócio.

Bússola: Vocês percebem algum tipo de reconhecimento de clientes com relação ao fato de estabelecerem governança e gestão dos impactos socioambientais?

Jackson Chirollo: Depende do perfil do cliente e do tipo de produto. Um fator importante é a questão geracional. Os mais antigos até questionam a validade das práticas. Mas quando eles começam a entender, percebem credibilidade e confiança. Os mais jovens enxergam como fortes valores, se identificam com a empresa e estabelecem relacionamento com a marca até indicando para outras pessoas. Nesse caso a jornada de convencimento é mais simples.

Bússola: E por parte de outros stakeholders?

Jackson Chirollo: Também depende da maturidade dos stakeholders. A pauta ESG vem muito forte no início da pandemia. Ela ainda é uma matéria de pouco conhecimento para alguns. As pessoas já ouviram falar, mas ainda não viram a fundo do que se trata. Muitas pessoas atrelam apenas ao ambiental ou ao social e poucos se conectam com governança. Em instituições financeiras, as práticas já abrem uma conversa com credibilidade. O mesmo com stakeholders e fornecedores internacionais. Com os locais e parceiros menores, o caminho é ao contrário, com a gente levando para eles informação.

Bússola: Como os stakeholders podem se informar e se engajar com a jornada de sustentabilidade da Edmond?

Jackson Chirollo: Essa construção toda que a gente fez desde o início está chegando a um nível de maturidade muito boa agora em agosto, com avaliação do sistema B. A gente também fez um rebranding e lançaremos uma nova marca, que trará também canais de comunicação melhorados para considerar essa trilha que a gente teve nos últimos dois anos.

O nosso novo site terá canais específicos para que stakeholders possam conhecer a nossa jornada e colaborar conosco. Uma das iniciativas que a gente está lançando é o primeiro frete neutro do segmento, em que a gente fará a compensação de nossas entregas. E a ideia é disponibilizar essa ferramenta até para concorrentes.

Monalisa Gomes: Além desse rebranding e da disponibilização das informações no site, queremos colocar as metas, ações e ODS relacionados em uma landing page com todas as informações de forma bem visual e aberta. Vamos usar essa mesma estrutura para reportar posteriormente o andamento do nosso compromisso.

E vamos desdobrar isso para os colaboradores poderem se engajar, trazer contribuições. Depois, temos planejado envolver outros stakeholders como clientes para pensarmos em conjunto na cocriação de soluções para a sociedade.

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