Um dos studios compartilhados em residencial nos arredores do Mackenzie. (Bússola/Reprodução)
Da Redação
Publicado em 20 de maio de 2021 às 19h36.
Por Bússola
Um dos únicos mercados que mantiveram estabilidade durante a pandemia foi o imobiliário, que segue aquecido e atraindo investidores. Segundo o Indicador de Vendas da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e da Fipe de março, o segmento imobiliário registrou recorde anual de lançamentos e unidades comercializadas em 2020.
E um dos fenômenos desse mercado são as moradias estudantis. O Brasil tem 8,6 milhões de universitários, segundo o último Censo da Educação Superior do Ministério da Educação. O número cresceu 43% nos últimos dez anos. Cerca de 25% desses jovens universitários saem da casa da família em razão dos estudos. Esses números despertaram interesse de investidores para um mercado relativamente novo e que cresce ano a ano.
Já existem opções exclusivas de moradia só para estudantes e com uma série de serviços incluídos, em um conceito difundido no exterior, que agora ganha mercado no Brasil. Em São Paulo, a Share Student Living inaugura neste ano o maior complexo estudantil privado do país, no Butantã, ao lado da USP, e uma unidade na Vila Mariana, a 400 metros da ESPM e da Belas Artes.
Desde 2018, a empresa opera o Share Consolação, nos arredores do Mackenzie. Cerca de 14% dos ocupantes vêm de outros países. Há apartamentos individuais e compartilhados com até três camas, mobiliados e com cozinha completa, além das áreas coletivas como sala de estudos, coworking, cozinha compartilhada, sala de jogos, lavanderia, bicicletário, piscina e academia 24h, além de wi-fi disponível em todo o prédio.
O negócio já salta aos olhos do mercado: em 2019, a Share captou R$ 214 milhões em fundos de investimentos e participações e já tem contratado um ritmo de três inaugurações por ano até 2024.
A companhia tem parceria internacional com a Redstone Residential, uma das maiores operadoras globais de residenciais estudantis. As construções são criadas para atender exclusivamente jovens universitários, levando em consideração o perfil das universidades âncoras de cada projeto – desde a escolha do terreno até a entrega do empreendimento. Por isso são reconhecidas como Purpose Built Student Accommodation (PBSA), nomenclatura que diferencia as moradias erguidas para este fim.
“Valorizamos a convivência, o compartilhamento e a criação de comunidades, para que esse estudante se sinta acolhido, troque experiências e desperte habilidades interpessoais que ele não vai necessariamente aprender na faculdade. Somos uma extensão da vivência universitária”, diz Claudio Dall’Acqua Jr, CEO da Share, que falou com a Bússola.
Bússola: Como surgiu essa ideia de trazer para o Brasil o conceito de construir residenciais pensados exclusivamente para o público universitário?
Claudio Dall’Acqua Jr: Um sonho na vida de muitas pessoas é passar no vestibular, realizar pós-graduação ou um mestrado em São Paulo, cidade que concentra as instituições mais renomadas do Brasil. Com esse sonho, vêm o início da independência que é morar sozinho e os desafios de trocar de cidade. Encontrar um lugar para morar nem sempre é uma tarefa fácil, principalmente que traga outras comodidades, como ser próximo à universidade e a locais que atendam às necessidades de vida dos estudantes.
Buscamos essa inspiração nos modelos internacionais e tem dado muito certo por aqui.
Hoje, olhando somente para os empreendimentos de moradia estudantil, sem considerar os colivings, são aproximadamente 2 mil camas e estamos focados em crescer.
Bússola: Como a pandemia mudou o comportamento dos estudantes que procuram esse tipo de moradia?
Claudio Dall’Acqua Jr: Se, por um lado, a pandemia forçou muitos estudantes a colocarem o sonho universitário em modo de espera, por outro, ela acabou reforçando também o comportamento do jovem que busca por moradia na era do on demand: a flexibilidade em negociar estadias e a gama de serviços que podem complementar sua experiência.
No Share Consolação, mantivemos nossa ocupação em um patamar de 68,5% e a unidade passou a contar também com um público jovem profissional, que buscava um espaço mais próximo ao trabalho para evitar deslocamentos e até mesmo as comodidades dos nossos studios mobiliados com estação de trabalho, além do espaço de coworking.
Bússola: Como a empresa vê o futuro desse segmento no Brasil?
Claudio Dall’Acqua Jr: É um mercado promissor, que está começando a ganhar tração de três anos para cá. Há também a transformação de hábitos trazida pela pandemia. As pessoas buscam um lugar para morar que privilegie o bem-estar e a qualidade de vida. A junção dos estudos com o “anywhere office” também reforça essa mudança de hábito.
Além disso, vemos muito potencial a ser explorado na relação com as universidades, complementando o ecossistema acadêmico – o que também colabora com a retenção desses estudantes – e trazendo atratividade para alunos de fora.
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