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“Solidez financeira da Braskem garantiu acordos para Maceió”, diz CFO

Em entrevista, Pedro Freitas afirma que empresa se antecipou para garantir os compromissos de desembolso diante de um ciclo de baixa do setor petroquímico mundial

Pedro Freitas, CFO da Braskem (Braskem/Divulgação)

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Publicado em 15 de janeiro de 2024 às 18h05.

Apesar do ciclo de baixa no setor petroquímico global, a solidez financeira da Braskem tem garantido o cumprimento dos acordos fechados pela empresa para reparação dos danos socioambientais relativos ao evento geológico ocorrido em uma região específica de Maceió.

Quem afirma é Pedro Freitas, CFO da Braskem. Segundo ele, a empresa se preparou para atender aos compromissos de desembolso durante o momento mais desafiador do setor. Desde 2020, a empresa fechou cinco acordos com autoridades federais, estaduais e municipais, com o objetivo de mitigar, compensar e reparar impactos decorrentes da desocupação de imóveis localizados na área de risco determinada pela Defesa Civil naquele ano.

“Todos os acordos foram fruto de ampla discussão e baseados em dados técnicos e jurídicos e homologados na Justiça”, afirma Freitas. A empresa provisionou R$ 14,4 bilhões para isso, dos quais R$ 9,2 bilhões já foram desembolsados, incluindo R$ 4,4 bilhões destinados a indenizações".

Confira a seguir os principais trechos da entrevista:

O setor petroquímico entrou num ciclo mundial de baixa. Isso afeta a capacidade de pagamento dos acordos firmados pela Braskem para reparar danos em Maceió?

A Braskem tem uma política financeira bastante conservadora, e a gente se antecipou às necessidades de desembolso para atravessar esse momento mais desafiador. A companhia tem liquidez e capacidade de pagamento para honrar com os compromissos assumidos até o momento. Tivemos muito trabalho para chegar nessa situação, mas conseguimos.

E quanto à perda do grau de investimento com o rebaixamento do rating da empresa pela Fitch?

Isso ocorreu em razão da percepção da agência de aumento dos riscos ESG com a repercussão do possível colapso da cavidade 18 na mina da Braskem. Desde o início, a companhia vem atuando de maneira responsável e fez tudo o que era recomendado pelos especialistas para mitigar o risco. No início de dezembro de 2023, só havia 23 imóveis ocupados na área de risco, que foram desocupados por ordem judicial. Todos os demais moradores estavam realocados com segurança e a maioria já foi indenizada. É importante deixar claro que a Braskem mantém uma sólida posição de caixa e perfil de endividamento bastante alongado, com prazo médio de vencimento da dívida acima de 12 anos, e mais de 60% concentrada após 2030. Também reforçamos nosso compromisso com a disciplina de custos e na continuidade da implementação de medidas para redução da sua alavancagem corporativa.

 Como está agora a percepção de risco em relação a essa cavidade 18?

Conforme declarações da Defesa Civil de Maceió, a cavidade 18 encontra-se em processo de estabilização. O coordenador do órgão disse ainda que sismógrafos não detectaram novas atividades sísmicas e não há registro de alteração de pressão. O estado de “alerta” passou para “atenção”. Tal cenário sinaliza que o processo interno da cavidade voltou ao ritmo natural, dentro do esperado. Pesquisadores da UFAL e do IMA apontaram, em uma análise inicial, não ter havido contaminação de água na Lagoa Mundaú. Esperamos autorização para que possamos acessar a área, avaliar eventuais impactos causados e dar continuidade aos trabalhos de fechamento dos poços.

Você disse que a maioria das pessoas já foi indenizada. Quanto falta?

O Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação (PCF) chegou ao fim de dezembro com 19.108 propostas de indenização apresentadas a moradores e comerciantes. O número equivale a 99,8% de todas as propostas previstas, e o índice geral de aceitação se mantém acima de 99%. Do total de propostas aceitas, 94% já foram pagas, o que, somado aos auxílios financeiros, chega a R$ 3,9 bilhões.

A Braskem sempre foi reconhecida por seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e com as práticas ESG. Como fica esse posicionamento frente ao ocorrido?

Desde 2019 temos atuado de forma incansável, com foco na segurança das pessoas e no cumprimento de todos os compromissos assumidos nos acordos firmados com as autoridades. Diante da repercussão gerada com o evento na cavidade 18, estamos agora buscando mostrar o que foi feito nesses quatro anos para que a nossa perspectiva seja considerada.

Tudo isso atrapalha os planos de venda da empresa?

Essa é uma agenda dos acionistas. Posso dizer apenas que o processo de venda segue em curso. O papel da Braskem é fornecer informações para as due diligence que estão sendo feitas ou que ainda serão. Os interessados certamente prestarão especial atenção ao ocorrido em Maceió. Espero que a atuação responsável da Braskem seja reconhecida nesse processo.

Com o ciclo de baixa no setor petroquímico, além de todos os compromissos em Maceió, como ficam as opções de crescimento?

Mesmo nessas condições, a Braskem não está abrindo mão do crescimento. Temos sido muito seletivos na escolha de onde investir. Um bom exemplo disso é o projeto da Tailândia, de uma nova unidade que produzirá polietileno renovável. O projeto de engenharia está em curso, e esperamos ter uma decisão final de investimento ao longo de 2024.

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