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Shoulder e Oriba se unem em negócio de R$ 18 milhões com visão de ESG

O movimento foi celebrado pelas duas empresas como uma “associação”, sem compra, aquisição ou empilhamento de receitas

Negócio pretende gerar valor para as duas marcas (Luis Alvarez/Getty Images)

Negócio pretende gerar valor para as duas marcas (Luis Alvarez/Getty Images)

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Publicado em 21 de novembro de 2022 às 20h00.

Em um mercado de moda cada vez mais tomado por grandes e vultosas aquisições e incorporações, também existe espaço para negócios mais voltados para impacto social e ESG. Foi o caso da negociação concluída recentemente entre a Shoulder, uma das maiores marcas femininas de moda do Brasil, e a Oriba, startup de moda masculina sustentável com três lojas físicas em São Paulo.

O movimento, selado a um valor de R$ 18 milhões, foi celebrado pelas duas empresas como uma “associação”. Portanto, nada de compra, aquisição ou empilhamento de receitas.

Segundo os executivos, o deal tem como objetivo gerar valor e sinergia entre as marcas e oferecer uma plataforma de crescimento para a Oriba, que tem sua autonomia preservada. O negócio também sedimenta as bases para o desenvolvimento do que deverá ser uma das marcas de moda masculina mais relevantes do Brasil nos próximos anos.

Fundada há sete anos por Marcelo Collis, Paulinho Moreira e Rodrigo Ootani, a Oriba é uma startup de roupa masculina básica com um modelo de negócio baseado em recorrência e na necessidade do cliente, e passa, a partir do aporte, a contar com uma plataforma de peso para acelerar e escalonar.

Já a Shoulder, empresa de 42 anos fundada no polo da indústria têxtil de São Paulo, no bairro do Bom Retiro, ganha uma nova avenida de crescimento por acessar uma diversificação de portfólio através de uma marca com DNA forte e sócios talentosos. Além disso, ganha know-how sobre sustentabilidade e ESG, algo que promete impulsionar o negócio. “Afinal enxergamos essa agenda cada vez mais no centro da estratégia de longo prazo”, afirma Beny Majtlis, CEO da marca.

A Bússola conversou com os CEOs da Shoulder, Beny Majtlis, e da Oriba, Rodrigo Ootani para entender os detalhes do negócio.

Bússola: Do que se trata o negócio, em primeiro lugar?

Beny Majtlis: O acordo prevê um investimento primário de R$ 18 milhões de Shoulder em Oriba que mantém a investida com controle e total autonomia. A Shoulder vai oferecer infraestrutura para suportar o crescimento. Futuramente há uma previsão de combinar os negócios.

Bússola: O que levou a Shoulder a investir na Oriba? Por que não outras empresas?

Beny Majtlis:  Mapeamos o mercado de moda e encontramos em Oriba sócios obstinados, talentosos, com propósito e muita vontade de transformar o mundo através dos seus negócios. Também estávamos procurando pessoas cuja marca seria o negócio da vida deles, por tempo indeterminado. E, por último, buscamos uma empresa que tivesse potencial de se tornar a melhor marca do segmento que está destinada a ocupar. Em Oriba, encontramos tudo isso junto.

Bússola: E por que Oriba gostou do que viu na proposta da Shoulder?

Rodrigo Ootani: A Shoulder nos conquistou por ser uma empresa que, no nosso jargão, tem um pé na fábrica. O fato de eles serem um negócio ainda familiar, bastante tradicional, bem focado na indústria, com origem no chão de fábrica, o fato de o Beny e a Monique (Majtlis, também controladora da empresa) serem muito pé no chão e muito focados em produto e crescimento. Gostamos de tudo isso e a partir daí se criou afinidade entre as duas empresas.

Bússola: O que a Oriba ganha com a associação com Shoulder?

Rodrigo Ootani: A Oriba ganha acesso a uma plataforma de aceleração de seu negócio, tendo sua autonomia preservada e dispondo de infraestrutura, capital e conhecimento para escalar o negócio. Queremos nos transformar em uma das marcas de moda masculina mais relevantes do país.

Beny Majtlis:  O principal ganho da Oriba em se associar à Shoulder é poder percorrer sua própria curva de aprendizado numa velocidade muito superior do que faria sozinha, pois a Shoulder é uma empresa de 42 anos de mercado com uma trajetória de muita evolução e muito domínio das complexidades que existem para operar a cadeia e o varejo de moda.

Bússola: Para a Shoulder, o ganho é se associar a uma mensagem de sustentabilidade, então?

Beny Majtlis: A Shoulder ganha uma nova avenida de crescimento por acessar uma diversificação de portfólio através de uma marca com DNA forte e sócios talentosos e engajados. Além disso, há um know-how sobre sustentabilidade e ESG que vai impulsionar o negócio como um todo, afinal enxergamos essa agenda cada vez mais no centro da estratégia de longo prazo. Para nós, as marcas do futuro serão nativamente mais sustentáveis, como é a Oriba. Mas o ESG não é uma linha de chegada e sim uma jornada de construção contínua. Certamente nesse aspecto vamos caminhar a passos mais firmes.

Bússola: A essência desse negócio não é apenas crescer por crescer…

Beny Majtlis: Na Shoulder, começamos a mapear o mercado e entendemos que seria interessante associar a um ativo mais novo, jovem, porque a ideia era “comprar crescimento”, não comprar um ativo pronto. Percebemos que, assim, aliando nossa experiência e know-how ao vigor e à inovação de uma startup, poderíamos capturar muito mais valor.

Rodrigo Ootani: A gente acredita que crescimento é importante para Oriba, porque só assim a gente consegue o impacto que queremos causar na indústria. Sustentabilidade só é real se for escalável. Não adianta eu, somente eu, vestir uma peça feita de algodão orgânico, que usa 90% menos água no cultivo. Agora, se você bota isso em escala, é muita coisa, traz um impacto real. A moda brasileira só não é sustentável porque não quer.

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