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Sepultamentos ecológicos ajudam a enfrentar o tabu da morte

Enquanto para alguns a morte ainda é um assunto que deve ser evitado, muitos já começam a tratar com mais naturalidade

Novas práticas reimaginam o cemitério tradicional (Alan Thornton/Getty Images)

Novas práticas reimaginam o cemitério tradicional (Alan Thornton/Getty Images)

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Publicado em 13 de fevereiro de 2023 às 18h00.

Última atualização em 14 de fevereiro de 2023 às 06h38.

Apesar de ser uma das práticas mais antigas da humanidade, o sepultamento ainda permeia o imaginário da sociedade moderna. Há aqueles que prefiram evitar falar da morte, enquanto outros preferem encará-la de frente e se preparar para este momento da melhor forma possível. A finitude humana é uma certeza, mas a forma como a vida chegará ao fim, e quando isso irá acontecer, é um grande mistério que acaba tornando o assunto um tabu.

Este tabu, porém, tem sido rompido, aos poucos, pela inovação nos processos funerários e a ressignificação do ente falecido. Novas práticas vêm desenhando um futuro diferente para os cemitérios tradicionais. Outros formatos de despedidas vêm surgindo em todo o mundo, com destaque para ideias sustentáveis que tenham menos impacto negativo para o meio ambiente. Ganham espaço, principalmente nos grandes centros urbanos, os cemitérios verticais, a cremação e métodos mais sustentáveis de sepultamento. O último deles e que ganhou notoriedade mundial foi a compostagem humana. Uma ideia que à primeira vista parece simples, pois acelera a decomposição natural, transformando os restos humanos em um solo rico em nutrientes, podendo ser usado no plantio de árvores, adubo de jardins e parques.

Porém, ideias como estas ainda seguem longe de se tornar uma mudança concreta e significativa a curto e médio prazo. Isso pois existem uma série de entraves para soluções deste tipo alcançarem uma grande escala dentro do segmento funerário, esbarrando em questões financeiras, tecnológicas, legais, sanitárias e até mesmo culturais e religiosas.

É preciso levar em consideração que anualmente morrem mais de 1 milhão de pessoas no Brasil, de acordo com dados do Portal da Transparência do Registro Civil. As políticas públicas avançam muito pouco no nosso segmento e a profissionalização do setor também segue a passos lentos, além de existir um processo burocrático tradicional pouco maleável. Sem uma infraestrutura bem arquitetada, embasada e acessibilidade da população a métodos mais sustentáveis, dificilmente formatos como este poderão ganhar proporção democrática.

Porém, vejo iniciativas como essas como essenciais para puxar a evolução desse mercado a longo prazo e ajudar a desmistificar o tema. No Grupo Zelo, investimos constantemente em melhorias dos processos e práticas funerárias, contribuindo para fortalecer e profissionalizar esse mercado que é essencial. Criamos em 2020 uma área dedicada a sustentabilidade, estruturamos o setor de Compliance e a captação de dados para auxiliar na tomada de decisões. Temos ainda um comitê ESG que vem trabalhando para avançarmos, com olhar para o futuro que queremos construir nas cidades onde estão nossas unidades.

As últimas décadas têm sido transformadoras para nós como sociedade e é preciso reconhecer e entender esses novos caminhos. A evolução de qualquer segmento passa por aqueles que nele atuam e o segmento funerário não pode ficar isolado desse cenário.

*Lucas Provenza é CEO do Grupo Zelo

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