Os Sistemas Ciberfísicos (CPS), que combinam sensores, atuadores e redes de comunicação para otimizar processos em tempo real (prosegur/Divulgação)
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Publicado em 14 de fevereiro de 2025 às 13h00.
Por Marcelo Branquinho, CEO da TI Safe.
Neste ano, os desafios e as oportunidades em segurança cibernética na Indústria 4.0 ganham destaque à medida que sistemas industriais e críticos se transformam para enfrentar ameaças cada vez mais sofisticadas. Tecnologias como automação industrial, inteligência artificial (IA), IoT e computação em nuvem impulsionam a inovação, mas também ampliam os riscos. Como proteger negócios e garantir sua continuidade diante de um cenário de rápida evolução tecnológica?
A Quarta Revolução Industrial, ou Indústria 4.0, redefine profundamente a operação de sistemas industriais e infraestruturas críticas, promovendo a integração de elementos físicos, digitais e humanos. No centro dessa transformação estão os Sistemas Ciberfísicos (CPS), que combinam sensores, atuadores e redes de comunicação para otimizar processos em tempo real. Esses sistemas surgiram nos anos 2000, quando pesquisadores começaram a explorar a interação entre elementos computacionais e processos físicos, consolidando os CPS como uma área essencial de pesquisa e inovação.
Os Sistemas de Controle Industrial (ICS), antes desconectados de redes públicas, foram revolucionados pela convergência das Tecnologias da Informação (TI) e Tecnologias Operacionais (TO). Isso abriu portas para novas oportunidades, mas também expôs os sistemas a vulnerabilidades cibernéticas. A transição para os CPS amplia a complexidade, conectando múltiplos domínios e introduzindo novas camadas de interdependência.
Enquanto os ICS eram voltados para ambientes específicos, como fábricas ou redes elétricas, os CPS integram dados operacionais com algoritmos avançados e análise preditiva, criando ecossistemas mais dinâmicos. Por exemplo, uma subestação elétrica automatizada em um CPS pode interagir com sensores urbanos e plataformas de emergência, aumentando a eficiência, mas também a superfície de ataque cibernético.
Avanços como a computação em borda e a computação em nuvem, destacados por Tyagi e Sreenath (2021), elevam a flexibilidade dos CPS, mas exigem novas abordagens de segurança. Em 2025, Lee et al. reforçam a importância de frameworks integrados, como o NIST SP 800-82, para padronizar práticas de proteção e mitigar riscos crescentes.
A transição de ICS para CPS trouxe desafios em diversos setores. No segmento energético, as redes elétricas inteligentes otimizam a gestão de energia, mas também são alvos de ataques complexos. O incidente de 2015 na Ucrânia, que deixou centenas de milhares sem energia, ilustra como falhas em CPS podem gerar graves impactos econômicos e sociais.
Em cidades inteligentes, ataques a sistemas interconectados, como o transporte público de São Francisco em 2016, demonstram a necessidade de resiliência cibernética. O comprometimento de CPS pode paralisar serviços essenciais, reforçando a urgência de medidas preventivas e estratégias robustas de proteção.
Adotar frameworks de segurança, capacitar equipes e implementar estratégias como segmentação de redes e o modelo Zero Trust são passos fundamentais para mitigar os riscos. Além disso, é essencial realizar auditorias em dispositivos IoT, verificar a conformidade com diretrizes de segurança, como o NIST SP 800-82, e elaborar planos de resposta a incidentes.
Empresas devem avaliar a segurança de seus sistemas legados, considerando a escalabilidade e as interdependências dos CPS. A transição para um ambiente seguro inclui ações imediatas, como segmentar redes, implementar autenticação em dispositivos IoT e adotar boas práticas de cibersegurança.
Apesar dos desafios, a evolução de ICS para CPS é inevitável e traz oportunidades significativas. Com uma abordagem estratégica e alinhada às melhores práticas de segurança, as organizações podem não apenas proteger suas operações, mas também liderar a transformação digital com confiança.
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