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Saúde e bem-estar dos ocupantes virou foco de certificações de edifícios

O foco agora são os espaços saudáveis, que garantem também qualidade de vida, saúde física, mental e social dos ocupantes

92% dos investidores imobiliários têm expectativas de que a demanda por edifícios saudáveis cresça nos próximos três anos (NurPhoto/Getty Images)

92% dos investidores imobiliários têm expectativas de que a demanda por edifícios saudáveis cresça nos próximos três anos (NurPhoto/Getty Images)

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Publicado em 5 de dezembro de 2021 às 15h34.

Por Manoel Gameiro*

Proporcionar mais saúde e bem-estar às pessoas tornou-se uma tarefa para o mercado de real estate. O debate em torno desse tema intensificou-se desde o início da pandemia, afinal, passamos cerca de 80% do nosso tempo dentro de locais construídos. Deixamos, portanto, de falar apenas em edifícios sustentáveis, eficientes e com baixo consumo de recursos naturais. O foco agora são os espaços saudáveis, que garantem também qualidade de vida, saúde física, mental e social dos ocupantes.

Uma recente pesquisa realizada pelas entidades internacionais Bentall GreenOak, Center for Active Design e United Nations Environment Programme Finance Initiative, mostra que 92% dos investidores imobiliários têm expectativas de que a demanda por edifícios saudáveis cresça nos próximos três anos. E 86% deles afirmam que querem implementar mais ações de bem-estar e saúde em suas empresas. As vantagens dos edifícios saudáveis são comprovadas e envolvem maior produtividade dos ocupantes, redução do absenteísmo, retenção de talentos, além de melhoria da reputação das empresas.

No que se refere a qualidade do ar, melhoria nos sistemas de ventilação e filtragem, controle da umidade relativa do ar entre 40% e 70% e uso de novas tecnologias são parâmetros essenciais para garantir a biossegurança. A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos sugere que os custos ​​associados à poluição do ar interno — e que podem ser evitados — supera os US$ 100 bilhões anuais, com 45% dos custos atribuíveis a mortes ​​por radônio e fumaça de tabaco ambiental, cerca de 45% a perda de produtividade e cerca de 10% a doenças respiratórias.

Nessa onda de mudanças, que também reforçam os princípios ESG (Environmental, Social and Corporate Governance), as certificações Well e Fitwell, por exemplo, vêm ganhando cada vez mais destaque e interesse. O selo Well tinha 49 projetos registrados em 2014, quando foi lançado. Neste ano, conta com mais de 6 mil registros, segundo levantamento da consultoria CTE (Centro de Tecnologia de Edificações). Desenvolvida pelo International Well Building Institute (IWBI), a WELL inclui dez tópicos de validação: ar, água, nutrição, iluminação, movimento, conforto térmico, som, materiais, comunidade e mente.

Já o Fitwell, criado pelos Center for Disease Control and Prevention (CDC) e o General Services Administration (GSA), ambos dos EUA, também prioriza o bem-estar dos ocupantes. E conta com mais de 2,4 mil projetos registrados em mais de 40 países.

Lançado em julho de 2020 em resposta à pandemia de covid-19, o módulo Well Health-Safety Rating tem foco em estratégias para garantir uma ocupação segura dos espaços construídos. Centrado em políticas operacionais, protocolos de manutenção e planos de emergência, inclui 32 estratégias, das quais pelo menos 15 precisam ser atendidas.

Em todo o mundo, o Well Health-Safety Rating vem sendo aplicado em edificações de grande e de pequeno porte, incluindo escritórios, comércio, instalações médicas e instituições de ensino. O selo não requer auditoria presencial. Bastante ágil, tem seu processo inteiramente realizado por meio de políticas e testes realizados e encaminhados ao órgão certificador.

O Brasil já conta com edifícios corporativos certificados com os selos Well ou Fitwel e a tendência é que esses números cresçam de forma exponencial nos próximos anos.

*Manoel Gameiro é engenheiro mecânico formado pela FEI, integrante e ex-presidente do Green Building Council Brasil (GBC Brasil) e diretor da Ecoquest

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