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São as organizações ágeis a chave para sobreviver na era da disrupção?

Mercado vem exigindo cada vez mais a satisfação das necessidades dos clientes de forma eficiente

Adaptabilidade, velocidade e eficiência vêm se tornando mantra por executivos (Harbucks/Getty Images)

Adaptabilidade, velocidade e eficiência vêm se tornando mantra por executivos (Harbucks/Getty Images)

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Publicado em 10 de maio de 2023 às 18h30.

Última atualização em 10 de maio de 2023 às 18h54.

Por Marcos Maciel*

Adaptabilidade, velocidade e eficiência. Palavras repetidas hoje como mantras por executivos de diversos segmentos, há pelo menos três décadas já são populares em empresas como Spotify, Sony ou Mitsubishi, que utilizam as metodologias ágeis como ferramenta de inovação, redução de custo e ganho de produtividade.

No entanto, de uns anos para cá, a crescente pressão do mercado para responder rapidamente e de forma satisfatória às necessidades de clientes, e com foco em acelerar melhorias para soluções e serviços digitais, ser ágil tornou-se estratégico para organizações de diferentes portes e setores da economia.

Ao perceber que ser uma organização ágil aumenta as chances de sucesso, as empresas iniciaram a corrida por uma jornada ágil de negócio, a partir da reestruturação de seus processos operacionais e da adoção de uma cultura organizacional focada em resultados, em que as equipes de alta performance são autogerenciáveis e as tomadas de decisão embasadas por dados transparentes e confiáveis.

Na área de gestão de compras e fornecedores, por exemplo, os métodos ágeis fazem maravilhas pelas organizações que incorporam os valores e as práticas agile, uma vez que as estratégias utilizadas potencializam os fluxos de aquisição de material e o gerenciamento da cadeia de fornecedores.

Evidentemente, nem sempre o sucesso da metodologia acontece imediatamente. Organizações que já são ágeis sabem que a excelência da abordagem é fruto da análise constante do time sobre como está praticando a agilidade e, a partir disso, da busca por melhoria constante, realizada com análises frequentes de desempenho e métricas ágeis.

Além de marcas internacionais, empresas nacionais também foram bem-sucedidas na aplicação do método. Em meados de 2006, o gigante das comunicações brasileiro se rendeu à agilidade. Buscando aproximar as áreas de negócios e tecnologia, [a transformação ágil da TV Globo permitiu o avanço de entrega de valor](https://www.meta.com.br/cases/globo/#:~:text=Em conjunto com o serviço,os resultados esperados pelo negócio.) aos seus clientes internos, assim como aos externos, a partir de métodos, práticas e ferramentas para governança, gestão e desenvolvimento de aplicações.

Entretanto, apesar de organizações ágeis geralmente obterem vantagem competitiva ao reagir de forma rápida às mudanças, dados do 16th Annual State Of Agile Report revelaram que a falta de liderança pode limitar o sucesso. Quase quatro em cada dez equipes de organizações ágeis citam a falta de apoio da liderança como uma barreira para a adoção e entrega do agile. Em contrapartida, as equipes ágeis de alto desempenho são centradas nas pessoas, com forte suporte de liderança e cultura e ferramentas definidas.

Impacto real e transformação duradoura

Com uma proposta de alta produtividade e resolução de problemas com baixo nível de estresse e falhas na comunicação, as organizações ágeis tornam-se mais competitivas por responderem de forma assertiva às demandas do mundo VUCA _ acrônimo em inglês para Volatility (volatilidade), Uncertainty (incerteza), Complexity (complexidade) e Ambiguity (ambiguidade).

A expressão, criada na década de 1990 nos Estados Unidos pós guerra fria, se referia aos tempos incertos da época. Entretanto, caberia muito bem aos tempos atuais, de situações adversas e inesperadas, como a pandemia global recente, que impactou milhares de pessoas e negócios de uma forma tão disruptiva, acelerando a transformação digital em todos os segmentos e derrubando todas as previsões de negócios futuros.

Há quem diga que o mundo VUCA deu lugar ao mundo BANI — Brittle (frágil), Anxious (ansioso), Nonlinear (Não linear) e Incomprehensible (Incompreensível). Concordo. E arrisco dizer que se há empresas preparadas para os desafios desse novo mundo são as organizações ágeis.

Ao reagir às dores da sociedade contemporânea, as organizações com pensamento ágil costumam:

  • Ser antifrágeis: isto é, reconhecer as vulnerabilidades, entender o contexto e, com habilidades para lidar com os obstáculos, não ter medo de inovar.
  • Ter uma cultura ágil: procurando formas eficazes de combater adversidades que afetam as pessoas, como a ansiedade — doença que cresce em todo o mundo, sendo o Brasil um dos países mais afetados, com 9,3% da população sofrendo os sintomas da ansiedade patológica.
  • Manter a mente aberta: reconhecendo que conceitos são sujeitos a revisão e pré-conceitos a se desfazerem, conscientes de que causa e efeito podem ser aparentemente desconectados ou desproporcionais.
  • Construir propósitos claros: tornando as ações e iniciativas da empresa de fato verdadeiras e sustentáveis, e não intenções baseadas em moda passageira que pegou carona em alguma tendência desalinhada com os valores da organização.

O futuro é ágil

Os resultados bem-sucedidos das organizações ágeis levam a crer que os princípios que norteiam a gestão ágil devem se estabelecer no futuro, sendo peça-chave para tornar os negócios mais competitivos.

Sendo a agilidade a capacidade de se adaptar, reagindo de forma rápida e efetiva às mudanças, a nova ordem é caminhar nessa direção, a fim de acompanhar o dinamismo do mercado, que aliado às novas tecnologias revolucionou e deve continuar revolucionando os modelos de negócios.

Dessa forma, no contexto organizacional, ser ágil está diretamente associado a conceitos de inovação, habilidade de perceber evoluções e, assim, antecipar riscos, sempre guiados por dados e ancorados em pontos de vista diversos.

Até porque, quem passa por uma transformação ágil sabe que promover a agilidade em uma organização demanda desconstruir padrões já estabelecidos para a criação de soluções disruptivas que estejam alinhadas às atuais demandas da sociedade.

Netflix, Uber e Airbnb são exemplos de organizações ágeis que não só tornaram seus negócios mais competitivos, como revolucionaram todo o mercado, transformando para sempre os segmentos em que atuam.

Planejar, fazer, checar e atuar. Esse é um padrão de práticas do mindset ágil, que propõe inspecionar frequentemente as atividades de um projeto, dando abertura às melhorias e disposto a se adaptar para inovar! Afinal, o mundo corporativo precisa de inovação. E apesar dessa palavrinha mágica aparecer no repertório de muitas empresas, ela não sobrevive no vácuo.

Ter um discurso bonito desalinhado das práticas organizacionais não vai fazer com que uma empresa obtenha vantagem competitiva. Muito pelo contrário, fazer propaganda sem ações que as sustentam pode prejudicar a imagem de uma marca.

Porque, apesar da verba destinada para publicidade de grandes organizações provavelmente ser alta, o Walt Disney World, por exemplo, não se tornaria referência em encantamento apenas com anúncios. Certamente é um dos parques temáticos mais visitados do mundo, especialmente pela entrega de uma experiência inesquecível.

E apesar das atrações proporcionarem muita emoção, fantasia e ilusionismo, a agilidade parece ser levada bastante à risca. Afinal, só uma organização ágil conseguiria se adaptar tão rapidamente a cenários de intensas transformações sociais, econômicas e ambientais de forma a proporcionar vida longa ao empreendimento. No caso do parque da Disney, são mais de 50 anos de história. E se mantendo sempre no topo.

*Marcos Maciel é CEO da CIAL Dun & Bradstreet no Brasil

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