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Rogério Nery: o valor do jornalismo profissional em momentos de tragédia

Cobertura do caso da queda do cânion em Capitólio mostra a relevância e o comprometimento da TV aberta e local

Respeito às vítimas e aos telespectadores é um valor fundamental do trabalho de um veículo que pauta sua cobertura pela ética (Getty Images/Getty Images)

Respeito às vítimas e aos telespectadores é um valor fundamental do trabalho de um veículo que pauta sua cobertura pela ética (Getty Images/Getty Images)

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Publicado em 12 de janeiro de 2022 às 15h08.

Última atualização em 12 de janeiro de 2022 às 15h21.

Por Rogério Nery de Siqueira Silva*

O ano de 2022 começou de uma forma absolutamente inesperada para nós da TV Integração — afiliada da Rede Globo em Minas Gerais. Habituados a mostrar as belezas naturais da região de Capitólio (MG), deparamos com uma tragédia sem precedentes no Lago de Furnas, um dos maiores lagos artificiais do planeta, mais conhecido como “Mar de Minas”. No dia 8, último sábado, a queda da parte de um cânion atingiu diretamente duas lanchas de turistas que estavam na região, ocasionando a morte de dez pessoas — quatro delas de uma mesma família. O desmoronamento aconteceu entre 12h30 e 13h e rapidamente as imagens tomaram conta das redes sociais.

E foi neste momento que o jornalismo profissional, feito por uma TV local, mostrou ser fundamental. As imagens da queda do paredão chegaram até nós por um grupo do Corpo de Bombeiros de Minas e, praticamente ao mesmo tempo, passaram a ser enviadas também por telespectadores. A partir daí, o departamento de jornalismo da Rede Integração foi mobilizado para uma cobertura incansável.

Um de nossos telejornais estava no ar, mas a notícia só foi dada após checagem precisa e confirmação — e isso aconteceu em rede nacional, no Jornal Hoje, que entrou no ar às 13h30. Entramos direto de uma das sedes da emissora, em Divinópolis e, enquanto fazíamos esse trabalho do estúdio, deslocamos equipes para a região, que fica a 150 quilômetros. Foram escalados três repórteres e dois cinegrafistas com a missão de fazer reportagens e entradas ao vivo. Eles chegaram ao local pouco tempo depois do acidente, quando outros veículos recuperavam informações por telefone ou com apoio de relatos nas redes sociais.

Além dos jornalistas em campo, o trabalho de apoio nessa cobertura contou com dezenas de profissionais, mobilizados durante três dias. Nossas equipes se preocuparam em levar informação ao vivo aos telespectadores, que, neste momento, não eram só mais os de nossa região, mas de todo o Brasil. Fizemos jornalismo no calor dos fatos, mas de forma precisa, rigorosa e respeitosa.

No momento de uma tragédia dessa proporção, a palavra de ordem é checagem — e esse é um dos diferenciais dos meios tradicionais de informação em relação às redes sociais. Checar, rechecar e checar mais uma vez os fatos, de forma exaustiva, para evitar não só a informação errada mas também a propagação de fake news. E elas, infelizmente, aconteceram neste caso. Em uma rede social, um grupo de turistas do Espírito Santo, por exemplo, foi alvo de posts e vídeos segundo os quais eles teriam sido as vítimas, o que foi desmentido posteriormente — apenas tinham visitado o local na véspera do acidente.

O respeito às vítimas e aos telespectadores é um valor fundamental do trabalho de um veículo que pauta sua cobertura pela ética. A TV Integração só divulgou os nomes das pessoas que morreram após a divulgação oficial, e somente depois de ter certeza de que as famílias tinham sido comunicadas.

Este começo de 2022 está colocando o jornalismo, mais uma vez, à prova em Minas Gerais. O estado vive momentos de tensão com fortes chuvas, que já provocaram outras mortes. A força das águas já rompeu pontes, destruiu ruas e avenidas, invadiu casas e colocou barragens em situação de alerta. Mais de 145 cidades estão em estado de emergência.

E mais uma vez o jornalismo local vem levando informação e prestando um serviço fundamental que salva vidas em momentos como esse, em que muitas pessoas precisam deixar os locais onde vivem e em que a solidariedade se faz tão necessária. Somos a mais antiga afiliada da Rede Globo, presente de forma expressiva no interior de Minas (Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, Centro-Oeste de Minas, Noroeste de Minas, Zona da Mata e Campo das Vertentes/parte do Sul de Minas), atingindo mais de 6 milhões de brasileiros, e estamos prontos para cumprir o nosso papel.

*Rogério Nery de Siqueira Silva é CEO do Grupo Integração (afiliada da TV Globo)

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