Mulheres estão ganhando o protagonismo merecido (Hero Images/Getty Images)
Bússola
Publicado em 3 de outubro de 2022 às 11h30.
Última atualização em 3 de outubro de 2022 às 12h57.
Por Rogério Nery de Siqueira Silva*
Defender a palavra das mulheres na opinião pública deveria ser chover no molhado, mas é cada vez mais uma pauta fundamental, e diária, diante de sucessivos ataques misóginos a jornalistas que apenas fazem seu trabalho. Nada justifica abusos e desrespeitos que tentam deslegitimar profissionais pelo simples fato de serem mulheres — e elas merecem apoio e solidariedade.
Dito isso, longe da histeria política, temos visto avanços significativos no mundo corporativo. Várias pesquisas apontam um crescimento da participação feminina nas decisões empresariais.
Um estudo da Deloitte, “Women in the boardroom”, realizado em 51 países com a participação de 10.493 empresas, concluiu que 19,7% dos cargos em conselhos de administração — o topo da hierarquia em uma grande companhia — são ocupados por mulheres no mundo. No Brasil, o percentual é de 10,4%.
Segundo artigo na revista Forbes, a Heidrick & Struggles, empresa internacional de busca de executivos, sondou 1.095 CEOs em 24 países e revelou que as mulheres já totalizavam 13% dos novos CEOs no primeiro semestre de 2021, número que praticamente duplicava o resultado do semestre anterior.
Outro estudo, feito pela consultoria global Korn Ferry, o percentual de mulheres nos conselhos de administração de empresas passou de 13%, em 2020, para 16% em 2021. Considerando apenas conselheiros independentes, a participação de mulheres já chega a 21%, 3 pontos percentuais do registrado em 2020. Já a presença feminina como C-level saltou de 14% para 18% no mesmo período.
Um exemplo recente, que corrobora os levantamentos, é da Globo. O maior grupo de comunicação do País acaba de nomear a atual presidente da fintech brasileira Global Payments Ebanx, Paula Bellizia, como integrante independente no conselho de administração.
Essa iniciativa representa mais um passo da Família Marinho para aprimorar a governança corporativa, ampliar a transparência e oxigenar a companhia com novas ideias em um mercado supercompetitivo. E a trajetória de Paula como executiva é uma comprovação de seu potencial — ela acumula passagens por empresas como Microsoft, Apple, Facebook, Telefônica, Whirlpool e Google.
Promover mulheres a postos estratégicos, bom que se diga, é sobretudo um reconhecimento de competência. Na TV Integração, por exemplo, três das seis diretorias são lideradas por mulheres.
E à medida que as empresas promovem mais mulheres para cargos de direção, inclusive em territórios antes quase que exclusivamente masculinos (finanças, operações, jurídico etc.), mais somam experiências que as qualificam para novos desafios.
Felizmente, esse é um caminho sem volta no mercado corporativo. Mais do que eventuais políticas de diversidade decorrentes da pressão global em tempos de ESG, as mulheres estão ganhando o protagonismo merecido por méritos. E garantir mais representatividade, com pluralidade de pontos de vista, traz oxigênio para os negócios e para a democracia.
*Rogério Nery de Siqueira Silva é CEO do Grupo Integração (afiliada da TV Globo em Minas Gerais)
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