(Ag. Enquadrar/Divulgação)
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Publicado em 19 de agosto de 2024 às 11h44.
Por Renata Feltrin, diretora executiva da CI&T
O Rio Innovation Week (RIW) aconteceu nesta semana no Píer Mauá, reunindo cerca de 150 mil pessoas ao longo de quatro dias, espalhadas por cinco armazéns e no galpão Kobra. Esta foi a minha primeira experiência no evento, que já está em sua quarta edição, e fiquei muito impressionada por vários motivos.
Os números falam por si só: em 75 mil metros quadrados, 3 mil palestrantes se apresentaram em 28 palcos simultâneos, ao lado de 2,5 mil startups e 350 expositores. No entanto, o que mais me chamou a atenção não foi o tamanho do evento em si, mas sim a sua diversidade, tanto de palestrantes quanto de público.
Assim, o RIW reuniu grandes nomes internacionais e os colocou lado a lado com brasileiros que estão diariamente na linha de frente da inovação em suas áreas. Entre os destaques, estão a líder global em mudanças climáticas Sandrine Dixson-Declève; a filósofa e ativista indiana Vandana Shiva; o físico austríaco Fritjof Capra; o empreendedor do Vale do Silício Eric Ries; o escritor, ativista e primeiro indígena a ser imortalizado pela ABL Ailton Krenak; a CEO do Preta HUB e Instituto Feira Preta Adriana Barbosa; o engenheiro mineiro da NASA Ivair Gontijo; o físico e ganhador do prêmio Templeton Marcelo Gleiser, o neurocientista e biólogo Sidarta Ribeiro e as atrizes, empresárias e influenciadoras Larissa Manoela, Sabrina Sato, Mari Maria e Xuxa.
Nos palcos temáticos, assisti a uma série de painéis e palestras que abordaram saúde, cultura, ESG, energia, varejo, agro, Sociedade 5.0, inteligência artificial, educação, liderança humanizada e outros tópicos relevantes. O evento também contou com palcos especiais dedicados ao G20 e ao Pacto Global da ONU. Pela primeira vez, vi um palco inteiramente dedicado à trilha sobre maternidade, durante dois dias, com curadoria da B2Mamy. Nesse espaço, foi apresentada a primeira pesquisa sobre burnout parental, revelando que nove em cada 10 brasileiras enfrentam esse desafio.
Embora esteja acostumada a frequentar grandes eventos globais focados em inovação, em nenhum deles presenciei o que vi aqui: uma diversidade incrível de participantes de todas as idades. De jovens estudantes a famílias inteiras, mães com filhos pequenos, executivos de grandes marcas e empresas de tecnologia, lideranças em direitos humanos, representantes governamentais e investidores. Todos circulavam pelos debates sobre temas como ciência, tecnologia, liderança e sustentabilidade em um ambiente inclusivo e dinâmico.
Cheguei dois dias antes da minha palestra, especialmente para acompanhar as discussões sobre o desenvolvimento das iniciativas de IA no Brasil e fiquei impressionada. Desde cases de aplicabilidade até os detalhes do processo de ouvidoria pública, com insights fundamentais sobre o marco zero da regulamentação da IA no país, muitos assuntos foram debatidos. O mais surpreendente foi o livre acesso a essas conversas, permitindo que qualquer pessoa presente pudesse se beneficiar das discussões.
Confesso que essa característica me deixou um pouco apreensiva sobre o tema que escolhi apresentar: governança ética e inteligente na era da IA. Costumo abordar esse assunto com altas lideranças de grandes corporações, focando na IA generativa, na agenda de direitos humanos da ONU e nas perspectivas de CEOs globais, grandes fundos de venture capital e futuristas. Todos convergem em uma visão clara: precisamos nos preparar agora, com uma governança estruturada em pilares sólidos, que nos permita agir com segurança, sem ficarmos paralisados pelo risco, pois a transformação será transversal. Acredito que uma governança ética deve colocar o ser humano no centro da estratégia, mapeando os impactos para as pessoas e o planeta, empoderando os diversos stakeholders para melhorar suas experiências.
Quando subi ao palco, me deparei com uma plateia muito diferente da que estou acostumada a ver. Ao descer, fui abordada por advogados, consultores e estudantes, todos querendo discutir o tema e agradecendo pelos documentos e referências que compartilhei. Que visão limitada a minha! Não há inovação sem inclusão real. Sempre digo que a tecnologia é poder, pois proporciona distribuição e alcance em escala, oferecendo serviços, benefícios e informação. E é isso que realmente nos coloca no caminho para a construção de novas realidades.
Um dos realizadores do RIW, Carlos Júnior, que também lidera a investidora de startups Sai do Papel, me contou que a inspiração para o evento surgiu quando ele visitou o Web Summit em Lisboa, em 2018, e pensou: precisamos levar uma experiência como essa para o Rio. No entanto, ele desempenha um papel diferente do Web Summit (que, desde 2023, também tem sua edição anual no Rio de Janeiro). Com o apoio do governo, da prefeitura e de diversas marcas, o evento distribui uma grande quantidade de ingressos gratuitos, o que é evidente na enorme participação dos cariocas nos palcos do Píer Mauá. Todas as palestras são em português e aquelas ministradas em inglês, por palestrantes internacionais, contam com tradução simultânea, garantindo o acesso real ao conteúdo para todos.
É emocionante ver e viver esse movimento!
O último painel que acompanhei foi sobre Venture Philanthropy, um tipo de investimento focado em gerar impacto. Ouvi da Graziella Castilho, presidente do conselho da JARJ, uma ONG dedicada ao aprendizado prático e imersivo para jovens em temas como empreendedorismo, educação financeira e preparação para o mercado de trabalho, uma frase que ressoou profundamente em mim: “Precisamos mais do que investir em educação; precisamos formar bons brasileiros!” Ela está absolutamente certa. Que a inovação tecnológica nos ajude a escalar essa missão, potencializando nossas empresas, gerando desenvolvimento econômico e incluindo o maior número possível de pessoas nessa agenda.
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