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Remédio tem de ser ruim? A resposta é não, e isso salva vidas

Entender a manipulação de medicamentos como uma arte melhora a qualidade de vida dos pacientes

Estamos caminhando para um processo de medicação individualizada, que vai agir diretamente para a melhor qualidade de vida (Microgen/Dreamstime.com/Divulgação)

Estamos caminhando para um processo de medicação individualizada, que vai agir diretamente para a melhor qualidade de vida (Microgen/Dreamstime.com/Divulgação)

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Publicado em 10 de fevereiro de 2022 às 13h54.

Última atualização em 10 de fevereiro de 2022 às 14h07.

Por Maria Alícia Ferrero*

Estudos apontam que aproximadamente 70% a 90% dos adultos idosos tomam regularmente pelo menos um medicamento com prescrição médica. Ainda há casos em que os idosos tomam de dois a cinco medicamentos diferentes todos os dias.

Com idosos, que consomem ainda mais medicamentos todos os dias, os cuidados precisam ser maiores. Nesse grupo, o risco de esquecer de tomar algum comprimido, errar a dosagem ou apresentar dificuldade de deglutição cresce. Toda essa rotina de cuidado e zelo faz parte do raciocínio clínico do farmacêutico para desenvolver o plano de cuidado com o paciente.

Os processos de inovação e tecnologia na criação e manutenção de medicamentos nas últimas décadas têm contribuído significativamente com o “momento de medicar''.

Fórmulas alternativas criadas do mapa genético e da necessidade do paciente idoso contribuem cada vez mais com o sucesso do tratamento.

A farmácia moderna utiliza cápsulas de gelatina incolores e coloridas; cápsulas vegetais de clorofila e tapioca; cápsulas gastrorresistentes de tamanhos variados; sachês, que podem ser feitos com sabores variados e até efervescentes; gomas de colágeno para facilitar a ingestão de medicamentos que normalmente teriam sabor ou aroma desagradáveis;  pirulitos como uma alternativa lúdica; drops, que podem ser confeccionadas de acordo com a preferência do paciente e inseridas de maneira oral ou sublingual, e até mesmo chocolate fabricados sem açúcar que podem ser oferecidos aos diabéticos.

Tudo isso porque remédio não tem de ser ruim.

Nesse sentido, o olhar do farmacêutico transforma o remédio em algo que pode, sim, desassociar o momento da medicação da ideia de sofrimento. Ajuda a entender a saúde como um estado completo de bem-estar, mental e social do paciente e oferecer assistência ao paciente de uma forma humana, com foco na pessoa e não apenas na enfermidade.

Aprendi isso de uma maneira muito pessoal. Minha mãe teve uma doença degenerativa e demência. Era preciso investir em artifícios para poder medicá-la. Acabei mergulhando nesse estudo de novas formas farmacêuticas. Comecei a entender a manipulação como uma arte que salva e melhora a qualidade de vida dos pacientes sempre.

Desenvolver um plano conjunto entre médico, farmacêutico e família foi fundamental para definir a melhor via de administração dos medicamentos. Vivenciar na prática o que luto todos os dias, me fez evoluir como pessoa e expandir, ainda mais, a minha sede por soluções farmacológicas.

É mágica a transformação das moléculas em novas drogas, de líquidos em loções, polímeros em gel, de óleo em água, que se misturam em harmonia para virar um creme. A transformação química é vida.

O que mais me encanta na farmácia é o poder da evolução constante e acelerada. Sim, estamos caminhando para um processo de medicação individualizada, que vai agir diretamente para a melhor qualidade de vida dos nossos pacientes.

E a inovação nessa área caminha a passos largos. A nanotecnologia, que permite desenvolver fármacos cada vez mais eficazes, não está mais tão distante. Deixou de estar restrita a laboratórios de pesquisa ou grandes conglomerados farmacêuticos. Nós, os farmacêuticos magistrais, estamos caminhando ao lado do futuro para ajudar a desenhá-lo. E isso vai mudar a vida de todos.

*Maria Alicia Ferrero é farmacêutica e proprietária da Farmácia Artesanal de Belo Horizonte

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