É importante inovar e fortalecer a indústria brasileira. (./Divulgação)
Bússola
Publicado em 13 de agosto de 2021 às 18h26.
O setor industrial do Brasil está apreensivo em relação à reforma do sistema tributário nacional. Esta é a avaliação do recém-eleito presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP), Rafael Cervone, que abordou o assunto com o presidente do Conselho do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM), o empresário Luiz Augusto Rocha, em recente encontro que selou a parceria entre as duas entidades.
“É uma unanimidade: será uma reforma com aumento expressivo de impostos. A partir do momento em que o ministro Paulo Guedes colocou a questão do imposto de renda, mostrou claramente que haveria um aumento brutal de impostos. E isso nós não vamos apoiar de jeito nenhum”, afirma Cervone.
Existe uma preocupação de se discutir a reforma tributária em um momento em que o país está com a “faca no pescoço”: “É ainda mais perigoso. É preferível aprovar primeiro a reforma administrativa para reduzir o tamanho do estado e diminuir os gastos. Somente com isso equacionado é que devemos passar para a discussão da reforma tributária”, diz.
A pauta de Cervone com o representante da CIEAM foi sobre os esforços empreendidos para driblar os desafios impostos pela pandemia, ressaltando a necessidade de inovar para fortalecer a indústria brasileira. “Juntos somos mais fortes. Amazônia e São Paulo podem aprender muito um com o outro, existe uma relação complementar e é por isso que temos que estreitar esses laços”, declara sobre a intenção de cooperação.
Apesar de profundamente afetada pela pandemia, a economia já vinha sofrendo com uma recessão econômica de oito anos. “A situação se agravou com a adoção de algumas medidas, como o fechamento do comércio e o consequente aumento do desemprego. Isso acelera uma necessidade premente de reinvenção do modelo de negócio associativo, tanto das empresas quanto das suas associações”, afirma o presidente do CIESP.
Está claro que a guerra comercial entre Ásia (especialmente China), Europa e EUA não se dará mais com base em políticas econômicas, e sim industriais. “Por isso precisamos elaborar rapidamente uma política industrial. Os Estados Unidos estão fazendo isso e se reindustrializando, ou seja, é uma demonstração tácita de que abrir mão da indústria para privilegiar serviços ou comércio pode não ser uma boa estratégia”, afirma.
Já sobre a hegemonia comercial da Ásia, o industrial cita a pandemia como um momento de aprendizado. “Sentimos os efeitos da falta da indústria até quando precisamos produzir máscaras, respiradores, álcool em gel, vacinas, muitas vezes abrindo mão de alguns segmentos para importar da China. Foi uma outra tendência que ficou muito explícita na pandemia: o excesso de concentração de compra na Ásia, especialmente na China, é um risco que nenhum país está mais disposto a correr”.
“A única certeza que temos é a mudança, o problema é a velocidade da transformação”, disse Cervone, que participa das reuniões do B20, grupo do setor privado do G20, integrando dois grupos de trabalho, “O Futuro do Trabalho” e “O Futuro da Indústria”. Todos os pontos citados, de acordo com ele, são os desafios que o setor industrial e os dois Centros da Indústria precisam trabalhar em conjunto, focando na troca de experiências.
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