Nota-se que as empresas familiares nos EUA, Europa e Brasil continuam a crescer e inovar adotando práticas sólidas de governança (mediamasmedia/Getty Images)
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Publicado em 15 de julho de 2024 às 13h00.
Última atualização em 15 de julho de 2024 às 14h07.
Por Rafael Gonçalves de Albuquerque*
As empresas familiares têm uma importância inegável na economia global. Vamos explorar como esses negócios estão se destacando nos EUA, Europa e Brasil em 2024, com um foco especial no papel da governança centrada na família.
Nos Estados Unidos, as empresas familiares são um pilar essencial da economia. O índice de negócios familiares da EY mostrou que as 119 maiores empresas familiares no país geram coletivamente US$ 2,5 trilhões em receita e empregam 6,4 milhões de pessoas. Gigantes como Walmart, Berkshire Hathaway e Ford estão no topo dessa lista.
Essa resiliência é notável, especialmente considerando o cenário pós-pandemia. As empresas familiares têm demonstrado uma capacidade única de adaptação e inovação. Um exemplo disso é a transformação de linhas de produção para criar equipamentos médicos durante a pandemia.
Além disso, um estudo recente da PwC destacou a importância da comunicação e do planejamento sucessório para essas empresas. "A comunicação eficaz entre gerações é crucial para o sucesso contínuo," afirma o relatório. Isso ajuda a alinhar os objetivos de diferentes gerações e garantir uma transição suave de liderança. A PwC também destaca que 66% das empresas familiares nos EUA possuem uma estrutura clara de governança, o que é essencial para sustentar a confiança e o crescimento.
Na Europa, as empresas familiares continuam a superar o crescimento econômico global. Segundo a EY, essas empresas geram US$ 3,46 trilhões em receitas combinadas e empregam mais de 3,35 milhões de pessoas. A Alemanha, em particular, se destaca com empresas como Schwarz Group e BMW, que são líderes globais.
A tradição de negócios familiares na Europa é robusta, com muitas empresas tendo mais de 100 anos. Essa longevidade é atribuída a uma forte governança e práticas de sustentabilidade. As empresas familiares europeias têm uma abordagem de longo prazo que promove a inovação contínua.
A McKinsey também ressalta que as empresas familiares na Europa tendem a ter conselhos fortes e uma visão de longo prazo, o que ajuda a evitar riscos excessivos e a promover a estabilidade e o crescimento sustentável. Essas empresas frequentemente combinam o conhecimento profundo da família com perspectivas estratégicas de diretores externos qualificados.
No Brasil, as empresas familiares estão focadas em expansão sustentável e melhoria da governança. Essas empresas são responsáveis por uma parcela significativa do PIB e oferecem empregos para uma grande parte da população. Há um movimento crescente para adotar práticas de ESG (Environmental, Social, and Governance), contudo, observando sempre o nível de maturidade de cada empresa, antes da implementação dos processos de ESG.
A governança sólida é essencial para garantir a longevidade e o sucesso dessas empresas. A profissionalização da gestão e a implementação de processos sucessórios claros são fundamentais. Isso ajuda a manter a continuidade do negócio e a adaptar-se às mudanças do mercado.
A PwC enfatiza a importância de envolver todas as partes interessadas, incluindo membros da família, empregados e a comunidade, em decisões de governança para promover a transparência e a continuidade cultural dentro da família. Estruturas como conselhos de família e assembleias familiares são utilizadas para articular valores, necessidades e expectativas, fortalecendo o vínculo entre a família e o negócio.
Em conclusão, nota-se que as empresas familiares nos EUA, Europa e Brasil continuam a crescer e inovar adotando práticas sólidas de governança, comunicação eficaz e com atenção tanto às relações familiares, quanto com as pessoas jurídicas.
Entender e aplicar essas lições pode ser crucial para qualquer executivo que busca manter sua empresa competitiva em um mercado global em constante mudança, sem se esquecer que o núcleo familiar é o primeiro e mais importante fator desta equação.
*Rafael Gonçalves de Albuquerque é advogado de Family Offices, Conselheiro de Administração certificado pelo IBGC, acionista da gestora Umana House of Funds e sócio da MAP Family Office. É autor do Livro “O Impacto da Passagem de Patrimônio para as Novas Gerações”.
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