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Presença de mulheres e negros em postos de liderança está longe do ideal, e essa distorção precisa ser corrigida

Negros ocupam apenas 4,7% das posições executivas nas 500 maiores empresas do Brasil. (Sam Edwards/Getty Images)

Negros ocupam apenas 4,7% das posições executivas nas 500 maiores empresas do Brasil. (Sam Edwards/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 20 de maio de 2021 às 15h51.

Última atualização em 20 de maio de 2021 às 15h52.

Por Renato Krausz*

A presença de mulheres em cargos de alta liderança nas empresas brasileiras ainda está muito longe do que poderia ser considerado aceitável. Nos cargos de diretoria ou conselho, elas não são nem 15% do total, como demonstrou um estudo recente do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.

E a participação de negros em postos de gestão é desoladora: apesar de serem 56% da população, eles ocupam somente 4,7% das posições executivas nas 500 maiores companhias do país, segundo uma pesquisa do Instituto Ethos.

A Rede Brasil do Pacto Global da ONU tem dois programas em andamento no país para ajudar empresas a corrigir essas distorções. O primeiro, de equidade de gênero, foi lançado globalmente no ano passado, em 40 países, e terá os primeiros resultados divulgados ainda este mês.

As empresas inscritas deveriam definir uma meta bem específica entre duas opções: ter pelo menos 30% de mulheres em cargos de alta liderança até 2025 ou 50% até 2030. Faz parte do programa um trabalho de capacitação de 12 meses para ajudá-las nisso. Aqui no Brasil, 26 empresas participaram dessa primeira leva.

Obviamente não existe ranking, mas a “melhor colocada” em equidade de gênero entre as 26 é justamente uma startup que foi criada para dar acesso à população negra a ambientes tecnológicos, a BlackRocks, que possui mulheres ocupando 75% dos cargos de alta liderança.

Na lista há também gigantes como Pepsico (43% de mulheres na cúpula) e Furnas (20,7%). Grandes consultorias como PwC (23%) e Falconi (18,9%) também estão lá.

Já o programa de equidade étnico-racial foi lançado há exatamente um mês, exclusivamente no Brasil, e segue com inscrições abertas até o fim de maio para empresas interessadas. A única condição para uma companhia poder participar é ser signatária da Rede Brasil do Pacto Global.

O programa é feito em parceria com o Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT). As empresas passarão por um Censo da Diversidade para identificar suas principais lacunas e assinarão compromissos com metas a serem definidas. Também terão capacitação e mentoria com duração de dez meses.

O desafio de igualdade racial é enorme. Uma pesquisa recente do Pacto, em parceria com o Stilingue, mostrou que as empresas se empenham cinco vezes mais em políticas para preencher seus gaps de gênero do que para os raciais.

E os gaps são enormes, para todo tipo de diversidade. Diante de tantos estudos que mostram os benefícios de um ambiente plural para os resultados de uma empresa, para o clima organizacional, para a possibilidade de inovação, enfim, para tudo o que possa ser desejável, não faz sentido estarmos tão atrasados nisso.

*Renato Krausz é sócio-diretor da Loures Comunicação

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