“Somente o futebol mobiliza 4 bilhões de fãs ao redor do mundo” (PCH-Vector/Getty Images)
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Publicado em 23 de novembro de 2023 às 13h00.
Por Omarson Costa*
Esporte não é apenas para se praticar. Ele entretém. Para potencializar seu alcance, as modalidades passaram a ser transmitidas pelo rádio, TV e streaming. A partir daí, os times promoveram mais campeonatos, modernizaram arenas esportivas, negociaram direitos de transmissão e patrocínios.
Somente o futebol mobiliza 4 bilhões de fãs ao redor do mundo; o vôlei, quinto da lista, mexe com 935 milhões de pessoas, segundo a Statistics & Data.
Entre os 10 acontecimentos com maior audiência na história da TV, seis são eventos esportivos – três finais de Copa do Mundo da FIFA (2014-16-18) e três cerimônias de abertura de Olimpíadas (Atlanta, Pequim e Londres).
A receita global gerada por essa indústria bateu os US$ 512,14 bilhões em 2022, de acordo com a Statista, e pode crescer 5% neste ano.
Desde o início do Século 21, o futebol virou alvo de investidores profissionais. Tudo começou pela Europa. Em 2003, o russo Roman Abramovich comprou o time inglês Chelsea, vendido no ano passado diante da repercussão da invasão da Rússia à Ucrânia.
O americano Malcom Glazer adquiriu o Manchester United em 2005.
Em 2007, outro russo, Alisher Usmanov, abocanhou participação no Arsenal, vendida em 2018 ao americano Stan Kroenke, que detinha 2/3 do time e queria reinar sozinho.
Em 2008, o xeque Mansour bin Zayed al-Nahyan, de Abu Dhabi, comprou o Manchester City.
A França entrou na roda em 2011, quando o Qatar Sports Investments (QSI), empresa de Nasser Al-Khelaifi, comprou o Paris Saint-Germain.
Os sauditas vieram às compras mais tarde. Em 2021, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman liderou a aquisição do Newcastle pelo Fundo de Investimento Público (PIF) da Arábia Saudita.
A venda desses times desagrada o público inglês. Por outro lado, os resultados financeiros foram bons. Entre os cinco times ingleses que obtiveram melhor EBITDA entre 2021-22, quatro receberam recursos estrangeiros: Manchester City, Liverpool, Arsenal e Manchester United.
Há cerca de um ano, começaram os debates sobre a criação de uma liga de futebol brasileira independente da CBF. A discussão caminhou para duas frentes: LIBRA, que negocia investimento da Mubadala Capital, de Abu Dhabi; e LFF (Liga Forte Futebol), que negocia investimento da americana General Atlantic.
Contudo, esse dinheiro não chega a todos.
Por isso, entra na equação o setor de apostas e loterias esportivas, que atingiu no ano passado US$ 235,46 bilhões, segundo a Statista.
O BNLData estima que o setor movimente R$ 120 bilhões por ano no Brasil. Há grande oferta de empresas, marketing agressivo e o fator-chave: a possibilidade de pagamento via PIX.
Em meio ao processo de regulamentação, nosso mercado mais que dobrou de tamanho em 2023, um crescimento de 135% entre agosto de 2022 e agosto de 2023, segundo a Datahub. Hoje, o único time da Série A do Campeonato Brasileiro que não tem parceria com casas de apostas, segundo o site MktEsportivo, é o Cuiabá.
Tamanha pujança atraiu a rede de TV ESPN, que terá, ainda neste ano, a própria marca de apostas voltada para o público americano – a ESPN Bet.
O acordo firmado com os cassinos Penn Entertainment prevê pagamento de US$ 1,5 bilhão em dinheiro e mais 500 milhões em ações como garantia por um período de 10 anos de uso da marca ESPN.
Esportes na Internet também são sucesso. A CazéTV bateu o recorde de maior live no YouTube Brasil durante a transmissão de nosso jogo contra a Croácia, na Copa do Mundo do Catar. Foram mais de 6 milhões de aparelhos conectados simultaneamente.
E as plataformas premium entram no segmento.
Netflix testou sua primeira transmissão esportiva ao vivo – o campeonato de golfe Copa Netflix, que criou duplas de pilotos da F1 e golfistas profissionais em Las Vegas. Os vencedores foram Carlos Sainz e Justin Thomas, porém o formato não era para puristas amantes do esporte. Trouxe intervenções de personagens da série Round 6.
Amazon Prime Video já usa inteligência artificial para incrementar o engajamento dos jogos de quintas-feiras da liga de futebol americano – traz estatísticas e rastreia os movimentos dos jogadores para prever o que farão.
Imagine se um desses players possibilitasse ao assinante vincular seu login a uma conta em uma casa de apostas online, que aceitasse PIX ou cartão pré-pago, e cobrasse os impostos devidos em tempo real?
Durante a partida, você poderia fazer apostas como: pênalti será convertido no canto superior, inferior, direito, esquerdo ou centro? Antes de decidir, receberia a informação de que o jogador converteu em 85% das vezes, mas errou as últimas três tentativas.
É possível criar uma dinâmica de engajamento para cada tipo de lance e em todos os esportes – vai conseguir ultrapassar na F1? E sobre cada aposta podem haver múltiplos – se acertar em quantas voltas, duplica o prêmio.
Existe ainda a possibilidade de incluir a lógica do social selling e prever um modelo em que você está em uma sala de apostas só com seus amigos.
Se a partida que mais arrecadou bilheteria no Brasileirão este ano foi a do jogo São Paulo X Flamengo – R$ 24,5 milhões –, imagine quanto renderia ao time um sistema desses.
Afinal, quem vai salvar o esporte mundial?
*Omarson Costa é Diretor da TNB e conselheiro de administração para empresas dos setores de telecomunicações.
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