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Quem cria também lucra — e muito

No Brasil, Creator Economy gera 300 mil trabalhos e renda média mensal pode chegar a quase R$ 12 mil, aponta estudo da FGV

 (athima tongloom/Getty Images)

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Publicado em 20 de outubro de 2023 às 08h00.

A Creator Economy, ou economia do criador, deu origem a mais de 300 mil trabalhos diretos e indiretos em 2023. Desde 2011, foi gerado um volume de vendas de produtos digitais que ultrapassou, em nível mundial, R$ 30 bilhões. Esses são alguns dos resultados do estudo “O impacto socioeconômico dos negócios digitais da Creator Economy no Brasil”, desenvolvido pela Escola de Comunicação, Mídia e Informação da Fundação Getulio Vargas (FGV ECMI) após pesquisa com 552 criadores de conteúdo e afiliados cadastrados na plataforma digital Hotmart. Para os criadores de conteúdo que procuram um norte, o estudo aponta o seguinte: quanto mais tempo no setor, maior o retorno financeiro.

70% dos entrevistados tiveram um aumento de renda com a venda de infoprodutos na plataforma. Esse percentual sobe para 100% quando se considera os clientes que estão há mais de um ano vendendo seus produtos. Para os 14,5% que possuem a prática como principal fonte de renda, o retorno em faturamento é bem superior à média nacional: R$11.959 mensal. Os criadores que possuem outras fontes de renda registraram um faturamento médio de R$4.194. Dentro da plataforma Hotmart, os criadores produzem e comercializam produtos como cursos online, eBooks, mentorias, podcasts, entre outros formatos.

“Diversos fatores impactam na renda dos criadores de conteúdo, como o tempo de dedicação a esse tipo de trabalho, se parcial ou integral, a formalização do negócio e se contam ou não com equipe de apoio. Mas, pelo estudo, podemos ver que um dos principais fatores é o tempo que eles já estão no negócio – quem está há mais tempo, tende a ganhar mais", explica Beatriz Pinheiro, pesquisadora responsável pelo estudo.

Negócios digitais prosperam de forma independente

Segundo um estudo recente do banco de investimentos Goldman Sachs, o mercado global da Creator Economy pode praticamente dobrar de tamanho nos próximos cinco anos, dos US$ 250 bilhões atuais para US$ 480 bilhões até 2027. Nesse processo de expansão do mercado, é possível observar uma estratégia de investimentos altamente independente.

Entre criadores de conteúdo e afiliados Hotmart, 61% investem em tráfego pago para divulgarem seus produtos digitais, sendo que destes, 47% investem menos de mil reais por mês, 12% entre mil e cinco mil reais e somente 2% investem entre cinco e dez mil reais. Apenas 4% dos produtores de conteúdo recebem patrocínio, mostrando que esses criadores não têm a publicidade de marcas como principal fonte de renda. 

“Criadores de conteúdo que utilizam plataformas para hospedagem e comercialização de produtos digitais podem trabalhar com mais autonomia para pensar estratégias de monetização que fujam do tradicional patrocínio das marcas. Com isso, transformam seus conteúdos em negócios digitais, que são impulsionados pela construção de autoridade, de conteúdos orgânicos e do investimento em tráfego pago para divulgação de seus produtos”.

Do CPF ao CNPJ

A média de faturamento dos criadores de conteúdo registrados como pessoas jurídicas é de R$10.115, enquanto a dos produtores pessoas físicas é de R$5.078. “Isso pode ser explicado pelo fato de que os usuários que mais lucram na plataforma tendem a se formalizar como pessoas jurídicas para fecharem maiores contratos, entre outras vantagens, em um círculo virtuoso do mercado”, comenta a pesquisadora.

“A gente percebe que o ecossistema dos negócios digitais no Brasil está em plena expansão: além de movimentar a economia com a geração de renda para criadores de conteúdo, esse impacto é ampliado para toda a cadeia de profissionais e serviços envolvidos, com a criação de empregos indiretos como, por exemplo, copywriter, especialista em tráfego, videomaker e estrategista de redes sociais”, finaliza.

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