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Quatro verdades inconvenientes sobre Transformação Digital

O sucesso da sua Transformação Digital está diretamente ligado à sua capacidade de engajar as pessoas no processo

Transformação Digital tem começo, meio mas não tem fim. (Bússola/Reprodução)

Transformação Digital tem começo, meio mas não tem fim. (Bússola/Reprodução)

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Publicado em 2 de agosto de 2021 às 16h00.

Última atualização em 8 de agosto de 2021 às 14h42.

Por Renato Mendes*

A Transformação Digital (TD) é um tema tão relevante quanto recente no cenário empresarial brasileiro. É por isso que existem ainda tão poucos cases locais de sucesso para que líderes se inspirem. Este relato é baseado em mais de uma dezena de processos que tive a oportunidade de acompanhar. Menos teoria e mais prática na abordagem de aspectos que podem comprometer ou determinar o sucesso da sua transformação. Abaixo explico as quatro verdades inconvenientes sobre Transformação Digital, confira:

  1. Sem um bom storytelling interno, nada acontece

Ninguém transforma nada sozinho. É por isso que o sucesso da sua Transformação Digital (TD) está diretamente ligado à sua capacidade de engajar as pessoas no processo. E não se iluda, a primeira pergunta que os colaboradores da sua empresa se farão aqui é algo como: o que eu ganho com isso? Ou ainda, o que tenho a perder com tudo isso?

É por isso que parte fundamental do sucesso deste tipo de virada é a construção de uma agenda interna de convencimento. A maior parte das empresas menospreza esta parte e sofre porque o processo não tem adesão das pessoas e perde força ao longo do tempo.

O storytelling interno deveria ser construído com objetivo de mostrar os benefícios do novo modelo, evidenciando que as pessoas serão capacitadas para seguir tendo valor na construção do projeto.

Tudo isso deve ser feito o mais velozmente possível porque a turma do contra é rápida em minar esforços de criação do novo - e pior, age nas sombras. Ninguém critica abertamente o processo em reuniões. Cansei de receber elogios de executivos que depois faziam toda a desconstrução no corredor virtual chamado WhatsApp.

2. Se tentar virar a empresa toda de uma vez, vai quebrar o negócio

A maior parte das empresas erra duas vezes em processos de TD: na negação e na reação. Primeiro, equivocam-se ao negar que a digitalização terá impacto no seu setor de atuação e perdem um tempo valioso com isso. Depois, erram na forma de reagir, tentando virar a empresa toda de uma vez só para recuperar o tempo perdido. Nada mais perigoso. É virtualmente impossível promover uma transformação desta magnitude em um salto único. Ou a TD empaca ou o negócio quebra.

Minha experiência sugere que o modelo vencedor passa por iniciar a implementação da mudança em uma área da empresa ou projeto específico. O sucesso nesse microcosmo é fundamental. Além de trazer uma série de aprendizados em um ambiente controlado, ele será chave para a construção do storytelling interno que, a partir deste momento, deixa de ser conceitual e passa a ser baseado nesse estudo de caso empírico. A existência de um caso de sucesso concreto ajuda a dissipar inseguranças porque materializa a TD na prática e permite que as pessoas consigam antever o que vem por aí.

3. O segredo da sustentação da TD se chama gestão

Agora, o desafio maior da TD não é ter sucesso em uma pequena área da companhia, e sim, levar essa transformação para a empresa como um todo - e não ter recaídas. Só existe uma forma de conseguir fazer isso que é atrelando esse novo jeito de pensar ao modelo de gestão. Na prática, criando incentivos e reforçando os comportamentos desejados.

Os rituais de acompanhamento, por exemplo, são uma forma bastante eficiente de criar novos hábitos. Simplificando, se você quer seu time mais Data Driven, que tal criar uma reunião diária de resultados? Isso os obrigará a olhar os números todos os dias para se preparar para esse papo e isso, no médio prazo, muda comportamentos, traz uma nova perspectiva e pode criar novos hábitos.

"Primeira coisa que eu faço ao chegar na empresa é abrir o computador e ver as vendas do dia anterior, antes mesmo de abrir o e-mail", me disse uma vez uma gerente após nosso processo de busca pelo comportamento mais focado em resultados. Mexer nos modelos de remuneração também são outra forma de incentivar comportamentos desejados. O caminho é determinar um percentual da remuneração variável a uma meta que obrigue seus liderados a ter determinada ação.

4.  A TD vai agredir sua rentabilidade no curto prazo

Por fim, talvez a verdade mais dolorida de todas. No início, TD é só investimento (a.k.a despesa) e isso vai ter impacto na sua rentabilidade. Este processo passa, muitas vezes, pela criação de um novo canal de vendas, de um novo produto ou até de um novo modelo de negócio. E até que isso se rentabilize, você tem uma despesa nova sem uma receita correspondente.

Já vi empresas abortando processos promissores por não ter paciência / capacidade financeira. Minimizar esse impacto é fundamental, seja acelerando a chegada do dinheiro novo ou investindo pouco a pouco e buscando acelerar o processo de aprendizado.

TD tem começo, meio mas não tem fim. Se a empresa não encontrar um caminho.

*Renato Mendes é sócio da F5 Business Growth e especialista em negócios digitais

**Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

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