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Qual a força mais disruptiva do futuro? A feminina

“Falta representatividade no topo da cadeia, por isso, agora é hora de cuidar das nossas futuras líderes, nos ajudarmos e não deixar que nenhuma de nós desista”

 (Luis Alvarez/Getty Images)

(Luis Alvarez/Getty Images)

Mariana Martucci

Mariana Martucci

Publicado em 5 de fevereiro de 2021 às 19h59.

A pandemia nos expôs a extremos, adiantou tendências e tornou determinadas condutas e costumes inaceitáveis. No epicentro dos debates sobre um mundo mais igualitário estão questões de gênero, sexualidade, raça e etnia.

O movimento ESG (em português, ambiental, social e de governança) ganhou mais força no mundo com a Covid-19 e com a eleição da chapa Biden/Harris, incentivando uma mudança na forma como as empresas se organizam e produzem.

A cobrança por mais diversidade faz parte da agenda ESG e, apesar de seus benefícios serem hoje inquestionáveis, ainda falta efetivamente mais representatividade no topo da cadeia. Mesmo na direção certa, não podemos perder de vista o que é necessário para que mais mulheres estejam preparadas para o comando, o que não acontece do dia para noite. 

O jornal inglês Financial Times publicou uma matéria muito interessante analisando dois vídeos da vice-presidente norte-americana, Kamala Harris. O primeiro a mostra sorridente, com seu tremendo carisma e empatia, e o segundo como uma poderosa e incansável procuradora do estado da Califórnia, argumentando aguerridamente um caso judicial.

Além de ter quebrado todos os tetos de vidro, o estilo Kamala exemplifica como as mulheres podem ser múltiplas, com suas características femininas ao mesmo tempo que mantêm firmeza e competência. Vulnerabilidade, compaixão, carisma e sensibilidade passaram a ser qualidades que, antes escondidas no trabalho, agora impulsionam as mulheres para cima.

Aquele estereótipo da executiva que precisa esconder sua feminilidade para sobreviver no ambiente predominantemente masculino parece que (felizmente) acabou. As mulheres precisam reconhecer sua própria força e se unir para que todas possam crescer e desfrutar do momento favorável para o desenvolvimento feminino. Com mais exemplos públicos para nos espelharmos, as jovens podem sonhar sem limites para serem engenheiras, matemáticas, empreendedoras, políticas, presidentes ou astronautas.

Precisamos que cada vez mais mulheres se sintam encorajadas para se dedicar a suas carreiras, sabendo que têm chances de crescer sendo quem são com autenticidade, em todos os campos profissionais.

Se, sob a pandemia, as mulheres alcançaram cargos na política e nas empresas nunca antes conquistados, ao mesmo tempo muitas perderam o emprego (comparativamente mais que os homens), seja porque foram demitidas ou por precisarem sair para cuidar de suas famílias.

Essa desigualdade merece muita atenção: não podemos comemorar a vitória de algumas, se muitas estão ficando para trás, perdendo a chance de se tornarem as líderes do futuro. Agora é hora de cuidar das nossas futuras líderes, nos ajudarmos e não deixar que nenhuma de nós desista, porque a maior força disruptiva das próximas décadas serão as mulheres.

Criar condições para que elas se desenvolvam, ganhem experiência e cresçam nas carreiras deve ser o compromisso das empresas e da sociedade como um todo.

Afinal, como dizem por aí, o futuro é feminino.

*Maria Rita de Carvalho Drummond é Vice-Presidente Jurídica da Cosan

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