Bússola

Um conteúdo Bússola

Puffs, ideias revolucionárias? Os principais mitos da cultura da inovação

Especialista da consultoria Troposlab traz dicas para fugir de crenças antiquadas e empreender de forma moderna

Tentar implantar um programa de inovação baseado em crenças falsas pode atrasar avanço da companhia (baramee2554/Thinkstock)

Tentar implantar um programa de inovação baseado em crenças falsas pode atrasar avanço da companhia (baramee2554/Thinkstock)

B

Bússola

Publicado em 3 de maio de 2022 às 13h20.

Um dos principais indicadores do sucesso de um negócio é sua capacidade de inovação. Essa iniciativa pode se transformar em um processo, produto ou novo negócio que, ao ser entregue ao mercado, tem seu valor reconhecido por ele. Porém, muitas crenças falsas ou até mesmo antiquadas ainda permeiam esse ambiente de inovação nas empresas, o que torna essencial orientar empreendedores e gestores a criarem um senso crítico profundo sobre o assunto e se afastarem de erros.

A implementação de uma cultura de ideias inovadoras eficientes é fundamental, mas para ser bem sucedida deve evitar algumas armadilhas comuns no mundo corporativo. A pedido da Bússola, a Troposlab, consultoria especializada em inovação, destacou alguns dos principais mitos que cercam o assunto.

Começar pelo programa de ideias

Os programas de ideias representam uma importante armadilha quando iniciados sem clareza ou direcionamento adequado sobre os caminhos que serão criados para a implementação das soluções selecionadas. Quando essa série de erros acontece, a inovação pode se tornar um trauma. Tentativas frustradas e ideias sem profundidade são recorrentes. Direcionar as idéias torna o processo mais confortável e simples.

Ideias "revolucionárias"

A inovação nem sempre precisa ser radical ou disruptiva. Existem também inovações incrementais, que geram resultados importantes para a empresa. Os colaboradores tendem a relacionar inovação com novos produtos de tecnologia, modificadores. Sem desmistificar isso, podem se sentir incapazes de contribuir com o processo.

Inovar não significa necessariamente inventar algo que vai mudar o mundo. Uma boa dica para quem deseja viabilizar suas ideias é apostar em programas personalizados de transformação cultural. Esse direcionamento mais específico permite que as ideias geradas estejam associadas à estratégia da empresa. Com isso, elas tendem a  encontrar mais patrocinadores internos, para que sejam implementadas com sucesso. Os projetos não devem morrer no papel.

Cultura da diversão x cultura da inovação

Popularizados pelas startups, os ambientes divertidos com sinucas, games e puffs se tornaram sinônimo da cultura de inovação. A segurança psicológica é um elemento fundamental da cultura de inovação, mas apenas trabalhar com roupas informais não significa que o colaborador terá segurança para expor suas ideias.

"A cultura da inovação é uma cultura que combina diversidade com resultados, e pode acontecer em coerência com culturas mais formais ou mais despojadas. Precisamos olhar para os elementos certos," diz a diretora de Inovação e Conhecimento da Troposlab, Renata Horta.

Criatividade em detrimento da qualificação

A palavra inovar, obviamente, está relacionada com a novidade, o frescor. Contudo, as pessoas acham que pensar fora da caixa é um dom que só exige criatividade, quando na verdade todo o processo de inovação pede um conjunto de habilidades e um ambiente favorável para que se torne estruturada e coerente.

"Gerar uma boa ideia depende de uma visão qualificada do negócio ou da área. Exige que os colaboradores conheçam a estratégia, entendam os desafios da área e saibam diferenciar problema de solução”, afirma a diretora.

Tecnologia associada a meios digitais

A inovação também é comumente associada aos meios digitais, o que confunde-se com a tecnologia como um todo. Inovar tecnologicamente é, na verdade, ter sucesso na pesquisa da área correspondente, que não é, necessariamente, a de TI.

Para as empresas e empreendedores ficarem antenados com os respectivos avanços tecnológicos do seu setor, uma dica valiosa é interagir com startups, que estão procurando constantemente meios mais acessíveis e diferenciados de conduzir um negócio. Também vale consultar segmentos diferentes para intercambiar formas de inovação.

Produtos bonitos demais

Alguns projetos podem parecer muito inovadores, mas será que são assertivos? Será que podem ser viabilizados e abraçados pelo mercado? É melhor eliminar propostas que não irão gerar qualquer engajamento com o público correspondente, por mais bem elaboradas que sejam.

“Produtos e serviços precisam ser sinceros, e não apenas bonitos. Quando isso não acontece, deixa de ter valor para alguém. Além disso, o consumidor está mais crítico, tornando a busca por autenticidade ainda mais essencial”, afirma Horta.

Programas de desenvolvimento da cultura baseados em conteúdos

Também é um erro comum pensar que, ao apresentar vários conceitos de inovação através de palestras e treinamentos, é possível desenvolver a cultura. Cultura é um conjunto de práticas de comportamento, e os conhecimentos são somente uma parcela pequena de tudo que a cultura representa. A mudança da cultura precisa estar ancorada em processos e um bom desenvolvimento de novas formas de trabalhar.

"Sentimentos, habilidades, rituais e resultados fazem parte da cultura e, para desenvolvê-la, temos que ter coerência e consistência em ações que permitam a implementação de mudanças e o desenvolvimento de novas habilidades”, afirma a especialista.

O papel da liderança

Segundo Renata Horta, a inovação não acontece de baixo para cima ou vice-versa, sem lidar com o que ocorre no meio. Quando não se sentem capazes de contribuir, não têm seus papéis claros, não estão preparados para eles, ou não acreditam no processo, os líderes podem não deixar a inovação acontecer.

Por isso, ações de inovação precisam cuidar com atenção desse nível, o que é um grande desafio."Eles são guardiões dos indicadores, das prioridades, do tempo das pessoas. Quando não estão verdadeiramente envolvidos tornam a inovação inviável, não há meio termo.”

Como fomentar a inovação de forma correta

  • Programas de intraempreendedorismo (acompanhados e com processo) podem ser um passo importante para ensinar os colaboradores a participar da inovação e podem evoluir para um programa de ideias que funcione.
  • Uma parceria entre a área de inovação e a área de desenvolvimento humano é o caminho mais consistente para desenvolver a cultura de inovação.
  • Interagir com o ecossistema de inovação (hubs, startups, investidores) pode ajudar a entender quantas oportunidades existem tornando a inovação mais estratégica e a empresa mais aberta.
  • Comunicar a inovação é tão importante quanto fazer. A comunicação que reconhece as pessoas e os resultados de processos inovadores estimula e fortalece as práticas culturais que devem ser estabelecidas para que a inovação se torne sistemática.

Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube

Veja também

Acompanhe tudo sobre:empresas-de-tecnologiagestao-de-negociosInovação

Mais de Bússola

Bússola & Cia: NewHack lança fundo de R$ 5 mi para startups 

Ele vai faturar R$ 30 mi antes dos 30 anos com empresa que facilita cidadania italiana

As visões norte-americana e europeia sobre o bloqueio do X no Brasil

O dinheiro está a favor do clima?