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Precisamos falar, de novo e sempre, sobre Malala e Paulo Coelho

Relatos da defensora da educação e do "patrimônio nacional" precisam estar sempre na memória

Quando direitos básicos são ameaçados, é preciso Malala e Paulo Coelho como alertas obrigatórios (Christophe Petit Tesson/Pool/Reuters)

Quando direitos básicos são ameaçados, é preciso Malala e Paulo Coelho como alertas obrigatórios (Christophe Petit Tesson/Pool/Reuters)

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Publicado em 28 de agosto de 2021 às 09h00.

Última atualização em 28 de agosto de 2021 às 11h27.

Por Danilo Vicente*

Nesta semana assisti a uma aula da PUC-RS com Malala Yousafzai. A ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2014, formada pela Universidade de Oxford em plena pandemia, chega aos 24 anos com muito a ensinar, ainda mais com o Afeganistão novamente tomado pelo Talibã.

Precisamos falar, de novo, sobre Malala.

Ela é aquela paquistanesa vítima de tiros talibãs aos 15 anos por defender o direito de meninas irem à escola. Ela é o sinal máximo da resistência contra o grupo que estupra e mata a céu aberto — e recentemente causou horror mundial ao forçar pessoas desesperadas a agarrar aviões em decolagem.

Vou ressaltar: Malala apenas defende educação para as mulheres, algo que deveria ser óbvio.

Suas falas não podem ser esquecidas.

Na aula, Malala citou um patrimônio brasileiro, sua leitura predileta: o livro O Alquimista, de Paulo Coelho.

Precisamos falar, novamente, sobre Paulo Coelho.

O Alquimista e Paulo Coelho são, sim, patrimônios nacionais. É difícil a contabilidade de vendas de livros em longo espaço de tempo. Há listas mil por aí. Porém, segundo a revista Bula, referência na área literária, O Alquimista é o sexto livro mais vendido da história, com 150 milhões de cópias. É muita coisa!

O dom de Coelho é escrever. O Alquimista ou o forte artigo publicado em 2019 no jornal The Washington Post e em seu blog. Neste texto, ele relata como foi torturado pela ditadura iniciada pelo golpe militar de 1964.

Segundo Coelho, ao ser levado para uma “geladeira”, uma sala escura com ar-condicionado no frio máximo e uma sirene contínua, seus algozes disseram: “Vai morrer devagar, mas antes vai sofrer muito”. O desespero com a tortura, cheia de choques em órgãos genitais, agressões e arma na nuca, era tamanho que Coelho começou a arrancar pedaços de si, ficando rapidamente ensanguentado.

Quando o Afeganistão tem o retorno de um grupo terrorista ao poder e no Brasil o feriado de 7 de setembro é temido, o destino parece cruzar Malala e Paulo Coelho como alertas obrigatórios. Precisamos falar, de novo, sobre Malala e Paulo Coelho.

*Danilo Vicente é sócio-diretor da Loures Comunicação

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a EXAME. O texto não reflete necessariamente a opinião da EXAME.

 

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