Inovação na educação (MCTIC/Divulgação/Agência Brasil)
André Martins
Publicado em 19 de novembro de 2020 às 16h40.
Última atualização em 19 de novembro de 2020 às 16h40.
A necessidade de inovar na educação foi escancarada com a pandemia: muitas escolas precisaram se adequar a um regime de aulas on-line para o qual não estavam preparadas. É comum que a ideia de inovação na educação seja diretamente associada à tecnologia, entretanto, esse não é o único tipo de inovação necessária nem seria o suficiente para atender às demandas dos estudantes deste século. Isso fica claro quando pensamos novamente no exemplo das aulas on-line.
Muitas escolas conseguiram se adaptar rapidamente, encontrando uma plataforma de vídeo que atendesse aos seus propósitos. Porém, isso não significa que elas conseguiram se adequar a esse regime de aulas on-line, pois tentaram transmitir o mesmo conteúdo de aulas presenciais, da mesma forma, pela mesma quantidade de horas sem considerar que esses aspectos deveriam mudar também. Por isso, para pensar em inovação na educação, é necessário levar em conta três pilares: tecnologia, metodologia e currículo.
A tecnologia consiste em todo o escopo técnico no qual a escola se apoia. Já a metodologia refere-se a como os conteúdos são ensinados e às estratégias que os professores utilizam. Por último, o currículo engloba o conteúdo ensinado e como ele está estruturado.
Para avaliar o contexto da inovação na educação brasileira, é preciso observar cada um desses pilares. Quando pensamos em tecnologia, apenas 28% das escolas localizadas em áreas urbanas têm um ambiente ou plataforma virtual de aprendizagem. Além disso, somente 52% das instituições de educação básica usam celular em atividades escolares. Esse é um número que contrasta bastante com o fato de que 86% das pessoas entre 9 e 17 anos usam a internet.
Além disso, o currículo brasileiro também é pouco inovador. Contando com treze matérias obrigatórias no Ensino Médio e muita ênfase em exames, ele é extremamente restritivo e conteudista. Esse currículo contrasta, por exemplo, com o da Finlândia, um dos países com melhores notas no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) e referência em inovação na educação. Lá o currículo é focado no desenvolvimento de habilidades socioemocionais e no contato próximo entre professores e estudantes.
Muito associada ao currículo, a metodologia brasileira, que, no geral, ainda é muito tradicional e pouco inovadora, oferece uma abordagem na qual os professores são transmissores de conteúdo e os alunos são receptores. Em contraste, já existem diversas alternativas de metodologias mais eficientes e que engajam mais os alunos, como o aprendizado baseado em projeto, ensino híbrido ou sala de aula invertida.
Com uma educação que não se adaptou ao cotidiano do século XXI, as instituições de ensino hoje competem pela atenção de crianças e adolescentes com outros mercados, como, por exemplo as mídias sociais. E, muitas vezes, colocando a tecnologia como uma inimiga ao invés de uma aliada no processo de aprendizagem.
Sem inovação, a educação não é capaz de preparar cidadãos para um mundo globalizado. Por isso, diversos órgãos, como o UNICEF, têm como uma de suas metas promovê-la na educação. Os números também comprovam que a inovação na educação é o futuro: a expectativa é que o mercado mundial de edtechs atinja o faturamento de US$252 bilhões em 2020, demonstrando que a demanda por esse mercado também aumentará. Isso reforça que agentes da educação estarão mais interessados em contratar soluções inovadoras.
* Iona Szkurnik é presidente do Conselho da Brazil at Silicon Valley e fundadora da Education Journey, plataforma focada em desenvolver o ecossistema de inovação na educação
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