Remoção de implantes de mama aumentou em 33% no Brasil, segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica (Barcroft Media/Getty Images)
Bússola
Publicado em 30 de dezembro de 2021 às 16h34.
Última atualização em 30 de dezembro de 2021 às 16h42.
A cirurgia para aumento da mama continua sendo um dos carros-chefe das plásticas no Brasil, com mais de 200.000 procedimentos por ano, em média, mas a procura tem sofrido uma queda ultimamente. Neste cenário, outra tendência vem surgindo: a remoção de implantes de mama aumentou em 33% no Brasil, segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica, e passou de 14.600, em 2018, para 19.400, em 2019.
A médica Fernanda Maria Marinho, mastologista da Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, traz informações fundamentais sobre o tema e esclarece dúvidas comuns sobre a questão dos explantes de próteses de silicone.
Ela afirma que, há alguns anos, algumas mulheres desejavam retirar os implantes de forma esporádica. Porém, desde 2018, este número cresceu de forma exponencial no Brasil.
“Muitas mulheres decidem por razões estéticas, pois não desejam mais aquele volume mamário. Elas buscam maior naturalidade para o corpo e estão menos apegadas a padrões estéticos anteriores. Isso se intensificou após algumas personalidades internacionais trazerem o assunto à tona nas mídias sociais”, declara a mastologista.
Razões que vão além da estética
A mastologista explica que existem outras questões motivadoras para a retirada das próteses, como a popularização da “Doença do Silicone” e da Síndrome Asia. Estas duas condições costumam ser confundidas, mas são doenças diferentes. A chamada “Doença de Silicone” é um termo adotado para descrever um conjunto de sintomas que podem surgir em mulheres com próteses mamárias, como dor nas articulações, queda de cabelo, alterações psicológicas e cansaço excessivo.
Já a Síndrome Asia é uma alteração autoimune que pode ser desencadeada por elementos ou substâncias externas ao organismo, e que podem resultar em um processo inflamatório crônico em pessoas que já possuem predisposição para doenças autoimunes. Podem favorecer este quadro o silicone, hidróxido de alumínio, mercúrio, óleo mineral e titânio.
“Os dados mostram que muitas pessoas passaram a associar a existência do implante a sintomas diversos, como dores articulares e queda de cabelos. Além disso, a retirada proporcionou melhora de alguns eventos para muitas delas. A indicação para o explante também pode ocorrer em casos de infecção ou enrijecimento da cápsula do implante, chamado de contratura capsular, que pode causar dor ou deformidade da mama operada”, afirma Marinho.
O procedimento cirúrgico é realizado sob anestesia geral e demanda habilidade do cirurgião para retirar o implante. Muitas vezes, é necessária a remodelação do tecido mamário remanescente. A recuperação vai depender de muitos fatores, como a extensão da cirurgia e a qualidade da saúde prévia da pessoa.
“Nem todas as indicações de explante são por desejo da paciente. Existem condições como reações inflamatórias ao ‘corpo estranho’: um tipo muito raro de linfoma (ALCL) e a também rara Síndrome Asia que são outras indicações para a retirada definitiva da prótese de mama. Precisamos atentar para o fato que os implantes mamários são os dispositivos médicos mais utilizados estudados no mundo”, diz a médica.
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