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Popó x Bambam: o que a última edição do Fight Music Show ensinou sobre o marketing e o esporte?

Confronto entre o influenciador e o campeão de boxe durou pouco, mas rendeu milhões

A fórmula que mistura atletas profissionais, personalidades digitais e uma narrativa envolvente tem o potencial de ser aplicada a diversas modalidades esportivas (Mariana Lima/ Fight Music Show 4/Reprodução)

A fórmula que mistura atletas profissionais, personalidades digitais e uma narrativa envolvente tem o potencial de ser aplicada a diversas modalidades esportivas (Mariana Lima/ Fight Music Show 4/Reprodução)

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Publicado em 7 de março de 2024 às 13h00.

Por Kelly Pinheiro e Denis Zanini Lima*

Seja você um fã assíduo de eventos de luta, seguidor de carteirinha de influenciadores ou somente alguém que ocasionalmente se deparou com o agito das redes sociais com a tão aguardada luta entre o tetracampeão mundial de boxe Popó e o influenciador Bambam, saiba que, independente do seu ponto de entrada nessa trajetória, você fez parte de uma narrativa lucrativa muito mais duradoura que os efêmeros 40 segundos de combate.

A verdade é que essa luta não foi somente um mero evento esportivo. Enquanto os olhos estavam fixos no ringue, estratégias de marketing meticulosas estavam em jogo nos bastidores. Claro, para entendermos mais a fundo como as peças estavam sendo mexidas no tabuleiro, precisamos, primeiramente, entender de onde vem esse fenômeno.

Tendência americana vira febre em território nacional

Há alguns anos, uma tendência que teve início nos Estados Unidos ganhou força e se tornou uma verdadeira febre em território nacional: as disputas de boxe entre influencers e atletas. Em terras norte-americanas, essa prática se estabeleceu como um fenômeno de grande escala, combinando o fascínio pelo esporte com a crescente influência digital.

Uma figura de grande importância na disseminação desse evento no Brasil foi o comediante e influenciador Whindersson Nunes, que, nos últimos anos, se dedicou ativamente ao boxe, sendo o ponto culminante de sua incursão o confronto no ringue contra o tetracampeão mundial de boxe, Popó Freitas. Desde essa grande luta, diversos artistas têm compartilhado o ringue do Fight Music Show.

É crucial ressaltar a importância desse fenômeno para o marketing e o setor desportivo. Os influencers ascenderam como protagonistas, gerando conteúdos envolventes para suas audiências e atraindo patrocinadores ansiosos por associar suas marcas a esses eventos. A comercialização de pacotes de pay-per-view e a venda de ingressos para as lutas emergiram como fontes lucrativas, impulsionando não apenas os influenciadores, mas também revitalizando o setor do entretenimento esportivo.

Simultaneamente, o boxe tradicional experimentou uma importante revigorada, conquistando uma nova audiência e verba para a modalidade.

Na disputa entre Popó e Bambam quem ganhou foi o marketing

É nesse cenário que ocorreu a tão aguardada luta entre o ex-BBB Bambam, que alcançou o hype para o confronto com suas falas provocativas e arrogantes nas redes sociais, e o lutador Popó. A surpresa reside no fato de que num enfrentamento de menos de 40 segundos, ambos receberam valores na casa dos milhões. E o segredo para esse faturamento todo está numa narrativa bem construída e sustentada ao longo de meses.

Enquanto o Brasil todo assistia os combatentes se enfrentarem no ringue, nos bastidores, a verdadeira batalha era travada no âmbito do engajamento digital, da construção de narrativas e da captação da atenção do público.

É importante destacar que Bambam, além de seu sucesso no ringue, se destaca como um visionário fora dele. Enquanto muitos vencedores do Big Brother desaparecem do radar, ele aprendeu a transformar sua visibilidade em oportunidades financeiras ao se apoiar em estratégias de marketing sólidas. Sua visão de desafiar um supercampeão mundial unificado e mobilizar o Brasil, mesmo que para testemunhar sua esperada derrota, torna-se um exemplo de como manter a relevância na mídia, mesmo após o auge inicial.

Outros esportes poderiam surfar nessa onda?

A fórmula que mistura atletas profissionais, personalidades digitais e uma narrativa envolvente tem o potencial de ser aplicada a diversas modalidades esportivas, ampliando consideravelmente o alcance e o engajamento do público.

Um bom exemplo é o “Jogo das Estrelas”, evento comandado pelo jogador Zico, que reúne celebridades, jogadores e ex-jogadores. Este evento, no entanto, distingue-se por ser inteiramente beneficente. E apesar de sermos o país do futebol, é perceptível que, desta vez, a modalidade não deteve o protagonismo. 

Pelo contrário, o FMS e a luta ainda conseguiram trilhar um caminho mais efetivo e lucrativo, gerando um engajamento e impacto superiores. Surpreendentemente, o caos e a intensidade emocional oriundos da luta capturam a atenção online, enquanto o futebol ainda procura encontrar uma fórmula para incorporar elementos semelhantes em seus eventos tradicionais.

Por fim, a discussão sobre esse novo mercado emergente destaca a natureza dinâmica e adaptativa do marketing contemporâneo. Este não é apenas um caso isolado, mas uma indicação de uma tendência que pode influenciar a forma como consumimos entretenimento e esporte nos próximos anos. A interseção entre influenciadores e ex-atletas abre portas para possibilidades ainda inexploradas.

Portanto, quer você seja um espectador de lutas, um admirador de influenciadores ou alguém que apenas ocasionalmente se conecta ao universo do entretenimento, teve a oportunidade de presenciar um evento que se destacou como um marco significativo no amplo panorama do marketing ao proporcionar uma experiência que ressoa com diferentes audiências, unindo-as em torno de uma narrativa singular e cativante.

*Kelly Pinheiro é jornalista e fundadora e sócio-diretora da Mclair Comunicação e Denis Zanini Lima é CEO da Ynusitado Marketing Digital Intelligence.

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