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Polêmica sobre cultos camufla o problema real: quem precisa sair de casa

Circulação de pessoas cujo trabalho não pode parar para que a turma do home office se recolha impede, na prática, o isolamento eficaz

Delivery: aumenta tíquete médio em 2021 (Leandro Fonseca/Exame)

Delivery: aumenta tíquete médio em 2021 (Leandro Fonseca/Exame)

Mariana Martucci

Mariana Martucci

Publicado em 5 de abril de 2021 às 20h11.

Última atualização em 5 de abril de 2021 às 21h19.

Enquanto segue a polêmica em torno do funcionamento ou não de cultos em templos religiosos durante a pandemia, os dados matemáticos mostram um problema adicional: parece haver um teto para a queda de mobilidade obtida com as medidas de isolamento social. Pelo menos é o que vem mostrando a prática.

O último feriado prolongado implementado pelas autoridades na cidade de São Paulo, de 26 de março a 4 de abril, parece não ter reduzido significativamente a circulação, na comparação com o período imediatamente anterior. O resultado ficou bem abaixo da expectativa.

Parte da dificuldade para implementar isolamentos sociais eficazes vem da indisciplina individual e coletiva, espontânea ou induzida. Mas há outras duas variáveis, tão importantes quanto. Uma é a circulação de pessoas cujo trabalho não pode parar e não pode ser feito remotamente.

A outra é o tanto de gente que precisa sair à rua para que a turma do home office possa ficar recolhida em casa. Por exemplo, toda a cadeia de produção e distribuição de alimentos, e também a de medicamentos. Isso só para começar.

Enquanto segue o MMA político, problemas práticos como esse simplesmente ficam fora da pauta.

*Alon Feuerwerker é analista político da FSB Comunicação

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