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PLAY: Seu Madruga,100 anos, vive

Ramón Valdés, o artista por trás do ícone do seriado Chaves, completaria um século neste 2 de setembro

Glória e Seu Madruga, no Chaves (YouTube/Reprodução)

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Publicado em 2 de setembro de 2023 às 11h00.

Por Danilo Vicente*

Ramón Antonio Esteban Gómez Valdés y Castillo, ou Ramón Valdés como nome artístico. Ou, para os brasileiros, simplesmente Seu Madruga. O artista mexicano, falecido em 1988, completaria 100 anos de idade neste 2 de setembro. É impossível dissociar a figura do ator e seu mais célebre personagem. Se lá nos longínquos anos 1970 e 1980 Seu Madruga alcançou o auge da fama, hoje ele ainda é popular, base para paródias, ações de marketing, protestos... e memes. 

Lembrado por frases icônicas como “A vingança nunca é plena, mata a alma e envenena", “O trabalho não é ruim. Ruim é ter de trabalhar” e “Isto é uma caliúnia! Uma caliúnia! Você sabe o que é uma caliúnia?”, Madruga tinha uma que era a síntese de sua vida: “Sou pobre, porém honrado”. E era mesmo. Verdade que não gostava muito de trabalhar, mas foi cabeleireiro, fotógrafo, sapateiro, agente de eventos, pintor, carpinteiro, técnico de futebol americano, entregador de leite, gesseiro, atleta (boxeador), vendedor de churros, vendedor de bexigas e até o velho do saco (que medo!). 

O personagem foi menos uma criação de Valdés e mais sua própria representação em cena. Não à toa, seu nome no original em espanhol é “Don Ramón”. “A persona de Don Ramón já existia antes de Roberto Gómez Bolaños (o personagem Chaves e criador da série) convidar meu pai para trabalhar na série. Tudo o que o Seu Madruga faz, meu pai fazia em casa: cantar, tocar violão, ter muitos trabalhos diferentes, como pintor, carpinteiro, cozinheiro”, já afirmou Estebán Valdés, quinto dos dez filhos dos três casamentos de Ramón.

Segundo ele, o pai também era ranzinza em casa e dizia aos filhos e netos todos os bordões que marcaram o Seu Madruga.

Valdéz foi o primeiro do seriado a falecer. Foi o segundo a sair, após Carlos Villagrán (o Quico), mas ficou entre saídas e retornos. Ele e Vullagrán trabalharam juntos, até na Venezuela. Mais tarde, teve de reforçar que não saiu para apoiar Villagrán contra Bolaños, mas, sim, por não concordar com Florinda Meza (Dona Florinda e viúva de Bolaños) no comando da série – e por querer ganhar mais, o que o levou a voltar para o circo.

O artista participou de mais de 50 filmes durante a chamada era de ouro do cinema mexicano, como "Calabacitas Tiernas" (1948) e "El Rey Del Barrio" (1949), além de novelas e seriados. Mas foi com Seu Madruga que chegou ao estrelato. 

A autenticidade do personagem é a principal teoria por trás do sucesso de Seu Madruga entre os brasileiros. Pobre, batalhador, com a filha para criar, humilde. 

Há uma passagem entre Valdés e Édgar Vivar (Seu Barriga) que mostra como ator e personagem são imortais. Vivar recorda a última vez que viu Ramón, já no hospital. “Foi quando ele me disse: 'E no final, eu não paguei o aluguel'. Esse era Ramón, sempre alegre e bem-humorado, não importando a dificuldade da situação que enfrentava.”

Aos 100 anos de Valdés, ele, o Seu Madruga, está mais do que vivo.

*Danilo Vicente é sócio-diretor da Loures Comunicação

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