Série é dividida em 4 episódios com cerca de 45 minutos cada (Netflix/Reprodução)
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Publicado em 19 de agosto de 2023 às 10h00.
Por Danilo Vicente*
Fim da Guerra Fria, queda do muro de Berlim. Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental se unem. Normalmente, vem à cabeça a imagem de alegria dos alemães, derrubando pedaços do muro, em abraços e sorrisos. E o dia seguinte?
É sobre isso que trata o documentário da Netflix Uma Morte em Vermelho. Como é juntar dois países? Comunistas e capitalistas sob o “mesmo teto”, mesmo governo. Culturas diferentes. Problemas inesperados, inusitados, como empresas públicas “inchadas”, que precisam acabar.
Com a devida proporção, a analogia cabe a fusões e aquisições de grandes empresas. Porém, o mostrado na série é pior. A história chega ao assassinato de um executivo. Detlev Karsten Rohwedder era um político alemão e membro do Partido Socialista Democrata, morto em abril de 1991 por um franco-atirador.
O comando do país unificado ficara com os capitalistas. Para Rohwedder , a missão de presidir a Treuhandanstalt, uma estatal da Alemanha Oriental que reunia 15.000 empresas.
O número está correto: 15.000 empresas sob o teto de uma só holding. Evidentemente, desperdícios e uma máquina voltada para empregar, não para produzir bem. Rohwedder resolveu cortar, fechar postos de trabalho, otimizar recursos, o que levou trabalhadores ao ódio.
O assassinato foi um dos últimos atos terroristas atribuídos ao grupo guerrilheiro Facção do Exército Vermelho (RAF). Entretanto, a série aponta para diferentes possibilidades, até mesmo do governo.
Nos anos anteriores, a RAF já havia matado banqueiros, políticos e outros membros do establishment alemão-ocidental. Então, não seria surpresa mais uma morte. Por isso, a série aponta falha na segurança do executivo, alvejado de longe através de uma janela sem proteção contra bala (em sua casa havia essa proteção no primeiro andar, não no segundo).
Uma Morte em Vermelho, separada em quatro episódios, é uma aula sobre um trabalho monumental: a união das Alemanhas. Se empresários cotidianamente sentem desafios demissões e precisam apostar, é de se imaginar o cenário ao lidar com dois países então adversários. Dezenas de milhões de vidas, potências nucleares por trás, o mundo à espera de resultado. O chanceler alemão de então, Helmut Kohl, não teve vida fácil. Nem Rohwedder, que, infelizmente, teve o pior fim.
*Danilo Vicente é sócio-diretor da Loures Comunicação
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