Bússola

Um conteúdo Bússola

PLAY: Quando a vedete enfrentou Dom Corleone, defensor dos índios

O Poderoso Chefão é maior que Cabaret, mas lá em 1973 teve de engolir o musical com Liza Minelli

Poderoso Chefão chega aos 50 anos retornando aos cinemas com cópias remasterizadas (Facebook/Reprodução)

Poderoso Chefão chega aos 50 anos retornando aos cinemas com cópias remasterizadas (Facebook/Reprodução)

Por Danilo Vicente*

O Poderoso Chefão chega aos 50 anos retornando aos cinemas com cópias remasterizadas. Sem dúvida, um dos melhores filmes de todos os tempos (para muitos, o melhor). O destaque da imprensa à efeméride tem deixado de lado dois fatos pitorescos: Dom Corleone foi, de certa forma, enfrentado e derrotado por uma vedete e, no mesmo instante, defendeu a causa indígena.

Explico: o que poucos se lembram é que, embora tenha vencido o Oscar de melhor filme, em 1973, O Poderoso Chefão teve de engolir Cabaret, com Liza Minnelli interpretando a vedete Sally Bowles. O concorrente arrebatou oito categorias do Oscar, entre elas melhor direção para Bob Fosse, que derrotou Francis Ford Coppola. 

Tem mais: O Poderoso Chefão ganhou somente outros dois troféus: roteiro adaptado e melhor ator, para Marlon Brando. Na cerimônia de entrega das estatuetas, ele enviou em seu lugar uma falsa índia para ler um discurso de recusa ao prêmio e defesa da causa indígena.

Não foi a primeira vez que um artista negou o Oscar, nem a última. Mas colocar uma atriz fingindo ser índia para receber em seu lugar foi o mais inusitado “não” à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pela premiação.

Comparar Cabaret e O Poderoso Chefão é difícil. São filmes bem diferentes, com propostas distantes. Ambos são clássicos, cada um à sua maneira. Cabaret é um musical sobre uma cantora-dançarina na Alemanha durante a ascensão do nazismo. O Poderoso Chefão é a saga mafiosa dos Corleone, com tiros e suspense. Hoje, é um fenômeno pop, cultuado por gerações. Ficou maior que Cabaret.

Ambos os filmes tiveram dez indicações ao Oscar. É verdade que as três derrotas de Cabaret foram para o longa de Dom Vito Corleone (filme, ator e roteiro adaptado), mas é nada mau ficar com oito estatuetas (diretor, atriz, ator coadjuvante, trilha sonora/música, mixagem de som, direção de arte, fotografia e edição). 

Nesta disputa, a vedete saiu à frente no início. Mas o mafioso chega, 50 anos depois, bem mais forte. Sinal de que um produto ou serviço pode titubear na avaliação inicial, mas a vida longa chega por distintas razões.

*Danilo Vicente é sócio-diretor da Loures Comunicação

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

Siga a Bússola nas redes: Instagram | LinkedinTwitter | Facebook | Youtube 

Acompanhe tudo sobre:EntretenimentoFilmesOscar

Mais de Bússola

Brasil fica na 57ª posição entre 67 países analisados no Ranking Mundial de Competitividade Digital 

Gilson Faust: governança corporativa evolui no Brasil, mas precisa de mais

Agência de eventos projeta crescimento de 45% com abertura de escritório na Europa e foco no esporte

Plano da dona da Centauro completa primeiro ano com dívida pela metade e recorde histórico no Ebitda