Obra incluída na exposição (Japan House/Reprodução)
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Publicado em 26 de agosto de 2023 às 11h00.
Por Danilo Vicente*
Tudo começou com um brócolis. O fotógrafo japonês Tatsuya Tanaka viu no vegetal, após um jantar em casa, uma mini árvore. Nasceu ali sua primeira obra no estilo “mitate”. Tatsuya já tirava fotos de miniaturas, mas foi com objetos do dia a dia simulando, em tamanho diminuto, situações corriqueiras e dando espaço à dualidade de interpretações que ele passou a bombar no Instagram. Não só, suas exposições já foram visitadas por cerca de dois milhões de pessoas. Desde maio, pela primeira vez na América Latina, está com uma mostra de sucesso na Japan House, em São Paulo, de graça: Japão em Miniaturas.
Até 8 de outubro, é possível observar floração das cerejeiras, a marcante presença do Monte Fuji, os restaurantes de sushi em esteiras, a prática de artes manuais e marciais, além das tradicionais festividades. São cenas do Japão retratadas sempre em miniaturas com bonecos de diorama e apetrechos que, vistos pequenos, emulam outros maiores.
Acredita-se que o “mitate” está enraizado na cultura japonesa – que desde sempre conviveu em harmonia com a natureza – para compensar com a imaginação “o que falta ou está vazio”. É um conceito que aborda dualidades, dar novos significados e interpretações para as coisas, criar uma metáfora ou uma paródia. Esse senso estético ainda é presente na literatura, na cerimônia do chá, em jardinagem, em entretenimentos do período Edo (Kabuki e Rakugo) e na gastronomia do Japão.
Claro, agora também na exposição em São Paulo. “Nesses pequenos universos criados por ele (Tatsuya Tanaka), o que chama a atenção é sua percepção quase fantástica, que lembra a mais pura imaginação infantil sobre os objetos, renovando e reformulando seus significados a todo instante”, diz a diretora cultural da Japan House e curadora da exposição, Natasha Barzaghi Geenen.
São 37 obras criadas a partir de conchas, alimentos como macarrão e sushi, itens de maquiagem, canudos, pregadores e leques, objetos do dia a dia japonês. São cinco grupos: estações do ano e seus eventos, cenas do Japão tradicional, cenas do Japão moderno, vida cotidiana e práticas tradicionais.
Ainda há uma maquete inédita, produzida especialmente para a mostra no Brasil, com o tão brasileiro arroz com feijão. "Ao ouvir sobre a feijoada, prato que se come com arroz, assim como o karê, comecei a pensar na possibilidade de expressar a areia branca e o mar utilizando esse prato típico. Também soube que no Rio de Janeiro, à beira da praia, há calçadas com padrões de ondas feitas de pedras pretas e brancas. É isso que imagino quando penso no Brasil”, avalia o fotógrafo.
“O feijão preto e o arroz são alimentos familiares aos japoneses também, e penso que, apesar de estarem de lados opostos do mundo, Brasil e Japão possuem culturas com aspectos semelhantes”, completa.
Além da beleza, a diversão dá o tom em toda a visita. “É um ambiente lúdico e divertido. A proposta dele, de certa forma, é a gente conseguir se colocar na perspectiva de criança e conseguir se maravilhar com coisas que parecem até corriqueiras, mas que no fundo podem fazer que nossa imaginação se amplie”, finaliza a curadora da exposição.
O olhar no pequeno para imaginar o fantástico e se divertir grande.
*Danilo Vicente é sócio-diretor da Loures Comunicação
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