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Perdemos, mas também ganhamos muito com a pandemia. O que muda na família

Tivemos, também, muitos ganhos nesse período e é importante olharmos para isso de forma positiva sem perder de vista os desafios encontrados

Período permitiu que famílias criassem novos espaços de fala e escuta, transformando relações (Oqvector/Getty Images)

Período permitiu que famílias criassem novos espaços de fala e escuta, transformando relações (Oqvector/Getty Images)

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Publicado em 24 de dezembro de 2021 às 14h30.

Por Cyntia Abramczyk, Sandra Raca Silberberg e Stella Angerami*

Muito se falou sobre as inúmeras perdas da pandemia que são reais e não podem em hipótese alguma serem minimizadas. Mas é fato que também tivemos muitos ganhos nesse período e é importante olharmos para isso de forma positiva sem perder de vista os desafios encontrados nesse tempo que não volta mais. Quantos de nós já pensamos: “Ah, se eu tivesse mais tempo eu ficaria em casa”, e sim, fomos todos obrigados a ficar em casa como nunca antes vivido. A rotina, o trabalho, o convívio social, a escola, e principalmente as relações familiares ficaram confinadas e desta forma as relações foram sacudidas.

O convívio familiar se tornou intenso e as relações que já caminhavam para um movimento de definição de papéis solidificaram, outras experimentaram e conheceram novos formatos. Na cultura latino-americana a mulher, na maioria das casas, já era um polvo gigante na administração familiar, e a pandemia esse papel ficou evidenciado e validado pela sociedade o que consequentemente fez todos perceberam as tarefas invisíveis que antes não eram divididas em igualdade. Todas essas mudanças causaram, sim, um pane nas relações, e uma prova disso é que, de acordo com dados do Colégio Notarial do Brasil, entre janeiro e maio deste ano, houve um aumento do número de divórcios no país superior a 26%, quando comparado ao mesmo período de 2020.

Mesmo assim, por outro lado, os casais parentais (ex-casais) foram compelidos a dialogarem e ampliarem a convivência equilibrando mais o tempo com os filhos, o que trouxe um ganho na saúde emocional familiar e respeito na parceria. Muitos só entenderam a dinâmica e o impacto da escola quando ela entrou dentro de casa, e essa foi a oportunidade de enxergar a escola além dos muros e de reconhecer que ela não é só um lugar de ‘depósito’ físico e cognitivo do filho, e sim um espaço de enorme importância que cuida da saúde emocional, física, intelectual e social.

Nas relações sociais, por sua vez, a maneira encontrada de estarmos juntos foi através das plataformas digitais, que além de terem ampliado fronteiras nunca antes imaginadas, estimularam formas criativas de se realizar festas comemorativas, datas religiosas, happy hours, casamentos e eventos corporativos. Fomos forçados a sair da zona de conforto e deu certo, a mudança da mentalidade e o viver a novidade de podermos estar juntos de novas maneiras, ampliou nossa visão do mundo.

Essa visão positiva é uma realidade e advém do acompanhamento de casais, famílias e ex-casais que cuidaram das relações nesse período; puderam potencializar suas capacidades, ampliarem o olhar e perceber novos caminhos de diálogo e convivência, refazendo combinados, fazendo novos acordos, criando novos espaços de fala e escuta e transformando as relações.

*Cyntia Abramczyk, Sandra Raca Silberberg e Stella Angerami, terapeutas pelo Instituto de Terapia Familiar de São Paulo e fundadoras da healthtech Trialogar

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