Pequenas empresas precisam transformar conhecimento em resultados. (mikroman6/Getty Images)
Bússola
Publicado em 3 de setembro de 2021 às 09h00.
Última atualização em 8 de setembro de 2021 às 11h57.
Pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral (FDC) analisou como as startups e as pequenas empresas brasileiras estão transformando conhecimento em resultados. De acordo com o estudo, as startups têm maior capacidade de absorção e transformação do conhecimento do que as pequenas empresas. “As startups estão mais antenadas ao mercado, buscando conhecimento e contam com quadros mais diversos, por isso temos essa aproximação com os resultados. As pequenas empresas, normalmente, são mais tradicionais e assumem menos riscos”, afirma o professor e pesquisador da FDC Paulo Renato de Sousa.
De acordo com o estudo, é comum encontrar nas startups funcionários com nível sênior, ou seja, experientes em suas funções, enquanto nas pequenas empresas não é tão comum. As startups investem ainda mais na qualificação profissional dos seus funcionários, que possuem mais liberdade para expressar dúvidas, críticas e sugestões.
“A análise é importante, pois as empresas utilizam o conhecimento para retroalimentar o sistema de um negócio, só assim se sobrevive no mercado. Se existe interação, compartilhamento de informação entre os funcionários, aumenta-se a capacidade de aprendizado e de alcançar bons resultados”, declara o pesquisador.
Estímulo
Perguntadas se o estímulo à inovação vem de dentro da própria empresa, do ambiente externo ou de ambos, 87% das startups alegam que buscam inovar para responder às duas formas de estímulos. Em contrapartida, as pequenas empresas buscam este caminho, majoritariamente, para responder estímulos externos, cerca de 60%.
A aquisição de conhecimento dentro do negócio foi aferida de diversas formas, por meio de perguntas como: a empresa investe em pesquisa de desenvolvimento? Os investimentos são contínuos? Há interação com instituições de ensino e pesquisa? E mais uma vez, as startups levam vantagem.
“É importante ressaltar que o aprendizado não pode deixar de existir, tem que ser contínuo e se descuidar desse elemento pode ter resultado negativo”, afirma o pesquisador.
Segundo o professor da FDC, as pequenas empresas têm um longo caminho de aprendizado a seguir rumo à inovação. Elas podem e devem aproveitar das experiências das startups para buscar formas de se reinventar.
“Não existe receita de bolo, mas percebemos que as startups e pequenas empresas estão seguindo caminhos diferentes. Às vezes as pequenas empresas não têm recursos para uma cultura de aprendizado, mas é preciso procurar ajuda, qualificação, absorver essa cultura organizacional do aprendizado”, diz.
Recorte da pesquisa
Participaram do estudo 469 empresas, sendo 271 de pequeno porte e 198 startups, durante os meses de setembro e outubro de 2020. A maioria dos respondentes, tanto das startups quanto das pequenas empresas, está localizada no estado de São Paulo e Minas Gerais. Elas têm como principal atividade o setor de serviços, sendo as startups 81% e as pequenas empresas 77%.
Confira alguns números.
Investimento em pesquisa e desenvolvimento
50% das startups afirmaram que existe investimento, contra 7% nas pequenas empresas.
Investimentos contínuos em pesquisa
25% das startups afirmaram que o investimento é contínuo, contra 7% nas pequenas empresas.
A empresa conta com tecnologias para compartilhar conhecimento
30% dos funcionários das startups concordaram com a afirmação, contra 9% das pequenas empresas.
Na empresa os funcionários têm liberdade para expressar dúvidas, críticas e sugestões
42% das startups, contra 20% nas pequenas empresas.