(mixetto/Getty Images)
André Martins
Publicado em 29 de março de 2021 às 16h37.
A pandemia obrigou o mundo a uma inflexão.
De um modo ou de outro, cada um de nós foi impactado, e todos aprendemos a viver de uma forma diferente.
Uma das mudanças irremediáveis está no modelo educacional. Não seria exagero afirmar que as circunstâncias forçaram uma grande mudança na maneira de se pensar o ensino. Desde sua concepção, o modelo educacional consistia em um professor de frente para uma sala repleta de alunos sentados.
Com os protocolos sanitários, a ruptura foi radical. As instituições de ensino – especialmente as do setor privado – correram contra o tempo para implementar, no menor tempo possível, as aulas remotas. Em questão de semanas, docentes e discentes passaram a ficar distantes fisicamente, mas lado a lado em um ensino síncrono, que seguia a mesma rotina e horários, com os mesmos colegas de sala e professores.
Para isso, colaborou na adoção do home office, influenciando uma nova cultura. Ficou evidente que, se é possível ser produtivo trabalhando em casa, o mesmo poderia valer para o estudo.
Obviamente, ninguém estava preparado para esse cenário.
Aqui e ali, houve dificuldades de adaptação, ajustes de lado a lado. Mas, muitas vezes, são as excepcionalidades que precipitam as transformações profundas. E o que se percebeu é que, nesse ambiente, a aula não deve ser uma reprodução de um paradigma antigo. Não pode ser uma transposição da lousa para a videoconferência. Não se trata de um telecurso via notebook. Até mesmo porque ninguém mais tem paciência para participar de atividades unilaterais e não interativas de longa duração.
O novo ensino digital é múltiplo – uma breve exposição do professor é seguida de pílulas de vídeo orientativas. Daí o aluno lê um texto, vai para um exercício, faz uma pesquisa, responde a um quiz, volta para a aula com o professor ao vivo. Como diz uma letra dos Titãs, uma coisa de cada vez, tudo ao mesmo tempo agora.
Na Ser Educacional, nossa visão desse “novo normal” da educação é pautada por uma matriz curricular que permita a cada aluno adotar sua trilha de aprendizado.
Em vez de nivelar pela média da turma, a nova matriz terá suporte de ferramentas de inteligência artificial para que o estudante possa explorar plenamente sua capacidade, em seu próprio ritmo.
Ele avançará na medida que cumpra etapas predeterminadas. A própria ferramenta indica novas atividades, de acordo com os interesses e necessidades individuais, dos alunos e do mercado de trabalho no qual ele será inserido, formando assim profissionais adaptados às necessidades imediatas de sua área, de sua empresa, ou dos desejos pessoais dos alunos. É o que chamo de massificação customizada da educação. Evidentemente, as aulas presenciais seguirão importantes. Esse contato, quando as condições sanitárias assim permitirem, ainda será insubstituível para algumas atividades.
É por isso que planejamos, em nosso contínuo processo de expansão, a implementação de cinco unidades digitais, que ofertarão cursos híbridos e 100% online. Também está no projeto a abertura de dezenas de polos de ensino a distância a cada ano, dedicados à oferta de cursos online. A tendência é instalar campi digitais em shopping centers, proporcionando a possibilidade de atividades que exigem uma abordagem presencial.
A transformação já começou. Neste semestre, mais de 50% da captação de novos alunos da Ser Educacional já é de alunos de EAD – um sinal do crescente interesse da comunidade por essa modalidade.
É, ainda, uma mostra de como a educação seguirá relevante. Mesmo em um cenário de imenso desemprego, o mercado de trabalho está sedento por profissionais qualificados, capazes de fazer a diferença nas organizações.
Com o ensino híbrido, mesmo no pós-pandemia, o ensino privado terá plenas condições de contribuir significativamente para a formação de gente apta a enfrentar esses tempos desafiadores.
E uma coisa é certa: só com investimento em educação será possível construir os alicerces para um esperado crescimento econômico sustentável.
* Jânyo Diniz é CEO do grupo SER Educacional. É formado em Engenharia Mecânica, com pós-graduação em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e mestre em administração pela Universidade da Amazônia.
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