Nos tornamos “acessíveis” a todo momento, uma agenda com início antecipado e fim desconhecido (kiszon pascal/Getty Images)
Ivan Padilla
Publicado em 30 de maio de 2021 às 16h54.
Flexibilidade, autonomia e digitalização. Esses três fatores são frequentemente citados pela geração Z como características importantes de uma empresa. Os nativos digitais, nascidos entre 1995 e 2010, têm feito grandes empresas, como Nestle e Natura, mudarem seus programas de trainee e estágio para atrair talentos que buscam mais do que bons salários e altos cargos no mercado de trabalho.
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Apesar da facilidade com a tecnologia, os jovens são aqueles que mais sofrem com a rotina de trabalho imposta pela pandemia. Em estudo com 130 mil colaboradores de 456 empresas, realizado pela Pulses, startup focada em gestão de pessoas, 45% dos profissionais da geração Z afirmam que estão mais ansiosos em home office. Ironicamente, o modelo que privilegia o trabalho remoto poderia, justamente, prover aqueles três desejos listados acima.
A dificuldade de gerir o próprio tempo é um dos gatilhos para a sensação de estar menos produtivo, o que causa a ansiedade e o esgotamento mental vivido em tempos de home office. Os profissionais mais experientes, como aqueles da geração X, apesar de terem demorado um pouco mais para se adequarem às ferramentas digitais, têm mais facilidade para a autogestão e competências socioemocionais bem desenvolvidas para lidar com o isolamento.
A migração para a convivência digital impossibilitou as interações sociais dentro e fora das organizações, outro fator de estresse especialmente para o jovem. Desde o cafezinho até as reuniões presenciais, os momentos de convivência sempre foram parte fundamental para o desenvolvimento profissional e disseminação da cultura da empresa.
Com a percepção atual de que o modelo remoto – ou pelo menos híbrido - veio para ficar, as empresas precisarão buscar soluções para diminuir o estresse e engajar os colaboradores, com atenção especial às gerações mais jovens. Permitir horários e jornadas flexíveis é uma possibilidade.
Oferecer ferramentas de auxílio psicológico efetivas, orientar os profissionais na definição de suas rotinas, estimular a autonomia e o desenvolvimento das habilidades socioemocionais necessárias para o novo cenário do mercado podem ser medidas efetivas e alinhadas às necessidades da força de trabalho do futuro, que valoriza propósito, qualidade de vida e saúde mental.
Flavia Rezende* é sócia-diretora da Loures Consultoria