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Os ecossistemas do empreendedorismo que norteiam startups

Os elementos interrelacionados estimulam negócios e dão acesso a processos que podem culminar em acesso a capital

É preciso se inserir num todo muito maior do que podemos alcançar com gesto de bravura individual (Ilustração/Getty Images)

É preciso se inserir num todo muito maior do que podemos alcançar com gesto de bravura individual (Ilustração/Getty Images)

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Publicado em 22 de novembro de 2021 às 15h08.

Última atualização em 24 de novembro de 2021 às 14h48.

Por Claudia Mendes Nogueira*

Muitos pensam que as empresas prosperam do dia para a noite ou que são produto de um esforço exclusivo e pessoal de um líder carismático. Muitos, ao verem empresas despontarem como startups e unicórnios, pensam em milagres ou pessoas realmente ungidas por uma força ou poder excepcional. Mas o milagre não existe como regra e sim como exceção.

Empreendedores de sucesso são pessoas que antes de tudo se tornam vulneráveis, pois precisam aprender rápido e sempre. Empresas e empreendedores erram e acertam no decorrer de uma jornada de dedicação aos negócios. Observo que todas estas pessoas são o subproduto de um ciclo recorrente de autoestímulo, vencendo a si mesmas e à ilusão de que podem fazer por si só.

No começo é meio assim: acreditamos que podemos fazer acontecer – um ser que oscila entre o teimoso e o esperançoso e até destemido. Algumas vezes vem um lampejo que faz acelerar o coração — impulsionado por algum medo — que logo é jogado de lado numa tentativa de blindar-se para não ser paralisado.

Assim, o empreendedor adquire anticorpos contra as dificuldades do dia a dia. Mas para ter sucesso é preciso mais que resiliência, é preciso se inserir num todo, muito maior do que podemos alcançar com gesto de bravura individual.

É neste processo meio heroico e meio solitário que surgiram os ecossistemas de empreendedorismo na minha vida — um tipo de medicamento que aumenta em muito as imunidades dos empreendedores. Eles proporcionam elementos interrelacionados que estimulam negócios, dão acesso a processos de validação de ideias e produtos, captação de novos clientes (com cabeça inovadora), sinergias, as quais podem culminar em acesso a capital.

Em 2018, passei a considerar algumas coisas importantes para a jornada de crescimento que queria conferir aos negócios. A partir deste estímulo descobri um ecossistema ao qual passamos a dedicar nossos esforços: 100 Open Startups, Inovabra, Sebrae, Distrito.

Como nossa vida mudou depois disso! Alavancamos nossas potencialidades e olhamos de frente para as nossas limitações. Queria compartilhar aqui o que descobrimos nessa nova fase:

  • Acesso às corporações que apresentam suas dores em busca de soluções inovadoras.
  • Um caminho seguro para que grandes empresas abram as portas para as menores.
  • Um manancial de oportunidades de aprendizado e mentoria. Acesso a um hub de mentores e conselheiros
  • Direcionamento para busca de capital certo para a fase certa. Acesso a investidores com temas e apetites diversos de investimento.
  • Acesso a outros empreendedores que compartilham soluções e prestação de serviços entre si.
  • Orientação sobre a formação de times complementares.

Acrescento que deparamos com algo nada peculiar: somos uma empresa liderada e fundada por mulheres. Segundo levantamento da Distrito, apenas 5% das empresas têm exclusivamente mulheres como fundadoras.

Temos feito um “trabalhinho extra”, com a ajuda da Rafaela Bassetti, nossa mentora e fundadora da Wishe Women Capital. Foi muito importante aceitar que não é fácil driblar preconceitos e dificuldades de acesso a investimento.

De acordo com esforço conjunto entre Distrito, B2mamy e Endeavor, no Brasil, apenas 0,04% do volume investido em startups em 2020 foi para aquelas lideradas por mulheres. Nosso primeiro passo foi admitir esta desigualdade e compreender do nosso lado como não reforçar este preconceito. No nosso caso, incorporar ecossistemas preparados para lidar com a questão da mulher na obtenção de capital está sendo imprescindível.

Na categoria de Big Data, do Ranking da Cem Open Startups fomos a única liderada por mulheres. Estamos entre as cinco melhores deste Ranking nos últimos três anos e este reconhecimento mostra nossa capacidade de gerar negócios, mesmo estando ainda operando exclusivamente com investimento próprio.

Em 2022 vamos operar quatro squads de novos produtos — todos altamente baseados em tecnologia para Machine Learning. Os novos produtos permitirão maior escala em nossa operação e estão alinhados com a nossa missão: transformar dados, ideias e insights em execução inteligente, visando resultados superiores e duradouros, reunindo pessoas protagonistas e realizadoras.

*Cláudia Mendes Nogueira é fundadora da Oficina de Valor e possui mais de 30 anos de experiência em “data & analytics” e “ciências de dados”. É PHD (Doutora em Ciências) pela FEA USP em Métodos Quantitativos & Tecnologia pela FEA USP e Mestre em Marketing pela FGV

https://www.oficinadevalor.com.br/

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