Telemedicina: plataforma da Conexa começou com operadoras de saúde e agora expande alcance para chegar ao consumidor final (BSIP/Universal Images Group/Getty Images/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 18 de abril de 2021 às 08h30.
O desemprego diante da pandemia do coronavírus atingiu cerca de 13,4 milhões de pessoas em 2020. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada no início do ano pelo IBGE, a taxa média de desocupação no ano foi de 13,5%, a maior desde 2012.
Apesar do cenário incerto e de projeções pouco esperançosas, milhões de brasileiros, impulsionados pela crise, passaram a apostar no empreendedorismo como uma alternativa de renda. Em 2020, o Portal do Empreendedor registrou cerca de 2,6 milhões de microempreendedores individuais (MEI). Em 2019, o número foi de aproximadamente 1,6 milhão.
Se por um lado, empreender foi a solução encontrada por milhares de pessoas para passar pela crise, para muitos empreendedores que já atuavam nesse modelo antes da pandemia, a chegada dela foi extremamente desafiadora para os negócios. Foi preciso, mais do que nunca, ter a cabeça no lugar, os pés bem firmes no chão e um olhar mais atento para a inovação.
Quem atua na área da saúde sabe dos desafios diários de manter a roda girando e, ao mesmo tempo, levar conforto e cura para as pessoas. Há relação humana em todas as pontas do processo, o que exige um time afinado e bem treinado para acolher o paciente da melhor forma. Isso demanda muito tempo de atuação da supervisão, tanto na escolha dos melhores profissionais, quanto em feedbacks constantes com todo o time.
Com a pandemia, o mundo foi exposto a uma nova realidade. Na saúde, especialmente na área da ortopedia, não foi diferente. O setor passou por desafios importantes, como queda de volume de atendimento, com períodos de 93% de diminuição de fluxo. A crise também refletiu na mudança de padrão e características de dores e lesões. Ao mesmo tempo em que houve uma diminuição drástica no atendimento às lesões secundárias a acidentes e traumas esportivos, ocorreu um aumento daquelas relacionadas à imobilidade, ao ganho de peso e à pratica de atividade física não supervisionada.
Para superar, foi preciso encarar a pandemia como um acidente de corrida que colocou todos os pilotos em situação de igualdade atrás de um safety car. Nessa parada forçada, a resiliência foi a palavra de ordem. Foi o momento de traçar a melhor estratégia para manter o negócio em pé, otimizando serviços, enxugando gastos e até criando novas rotinas para trazer uma sustentação mais sólida no futuro e pular na frente na relargada. Foi necessário se reinventar e investir em novas formas de atuação, e a telemedicina veio ao encontro disso.
O atendimento remoto na área médica já vinha crescendo exponencialmente há alguns anos, mas a pandemia, sem dúvida, acelerou o processo. É um recurso que veio para ficar e, quando bem promovido, agrega bastante ao negócio. Como é o caso dos aplicativos próprios que, além de oferecer a telemedicina, permitem que o paciente agende consultas, acompanhe seus processos cirúrgicos e receba informação de qualidade para se manter informado sobre assuntos de saúde e bem-estar.
Aquelas empresas que souberam levar ao pé da letra a ideia de que crise gera oportunidade e conseguiram se reinventar, certamente, estão tendo melhores chances de sobrevivência e, no futuro, navegarão em mares mais tranquilos. Quem não o fez pode estar enfrentando dificuldades financeiras e sobreviverá às custas de queda de qualidade de serviço e atendimento. Isso, a médio e longo prazo, inviabilizará muitas empresas.
Empreender segue sendo muito desafiador, especialmente, no nosso país e com o cenário em que nos encontramos. É preciso, mais do que nunca, estar atento e forte e resistir.
*Pedro Baches Jorge é cirurgião de Joelho do Hospital Sírio Libanês e da Santa Casa de SP e fundador da Clínica SO.U
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