Os apps estão mudando o cenário do varejo de moda (Andrii Lemelyanenko/Getty Images)
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Publicado em 19 de maio de 2025 às 10h00.
Por Guilherme Martins*
Na era digital, a moda deixou de se limitar às vitrines físicas e às páginas de e-commerce. O smartphone virou o novo shopping de bolso, e os aplicativos móveis têm ganhado status de canal prioritário para marcas que desejam não só vender, mas também construir relacionamentos duradouros com seus consumidores. “Mais do que nunca, o aplicativo é hoje o epicentro da estratégia omnichannel e da personalização no varejo de moda.” Segundo o relatório State of Mobile 2023 da Data.ai (antiga App Annie), o aplicativo da Shein foi o mais baixado globalmente na categoria de compras em 2022, superando gigantes como Amazon e Shopee. Esse destaque reflete a forte presença da marca em mercados como EUA, Brasil e Japão.
No setor de moda, os apps vão além da simples extensão do e-commerce. Funcionalidades como provador virtual, busca por imagem e consultoria de estilo online estão transformando a jornada do cliente, oferecendo conveniência e reduzindo barreiras típicas da compra remota — como dúvidas sobre caimento e estilo. Além disso, o app conecta o físico ao digital: consulta de estoque em tempo real, retirada em loja, geolocalização de unidades próximas e agendamento de provadores são exemplos de como ele vira uma ponte entre mundos. Isso fortalece a omnicanalidade, que hoje é essencial para empresas que querem destaque.
Outro ponto-chave é a personalização: ao reunir dados sobre o comportamento do usuário, os apps permitem ofertas sob medida, notificações em tempo real e campanhas direcionadas com mais precisão. A análise desses dados também orienta decisões de estoque, precificação e até o desenvolvimento de novas coleções.
Marcas menores também têm enxergado nos aplicativos uma ferramenta poderosa para estreitar laços com os clientes mais fiéis. Ao oferecer uma experiência exclusiva e personalizada, mesmo negócios locais conseguem gerar engajamento, recorrência e aumento no ticket médio.
O mercado de moda brasileiro movimenta cerca de R$ 229 bilhões ao ano, segundo a ABIT, e cresce impulsionado por consumidores cada vez mais digitais. Uma pesquisa da Opinion Box revela que 74% dos consumidores preferem comprar via app quando percebem vantagens claras: promoções exclusivas, usabilidade ágil e atendimento personalizado. Esse comportamento reflete uma tendência global, segundo a App Annie, o tempo gasto em apps de compras cresceu mais de 100% na última década, sendo moda e beleza duas das categorias mais acessadas. No Brasil, onde o mobile domina a navegação online, o potencial é ainda maior.
C&A, Renner, Amaro, Riachuelo e Dafiti já colhem frutos do uso dos apps. A C&A, por exemplo, viu o alcance do seu aplicativo disparar após lançar recursos de personalização e integração de seu programa de fidelidade, enquanto a Amaro aposta no conceito de “phygital” (integração física e digital), com forte apoio no aplicativo para engajar clientes. Outro exemplo é o Grupo Soma, dono de marcas como Farm e Animale, que vem se destacando pelo uso estratégico do canal mobile. A Farm, em especial, consolidou seu app como uma verdadeira comunidade online, oferecendo experiências que vão além da compra e reforçando o lifestyle da marca.
Em um mercado competitivo e acelerado como o da moda, ter um app deixou de ser tendência para se tornar necessidade. “O canal mobile é hoje o principal ponto de contato com o consumidor, e as marcas que souberem usá-lo de forma estratégica terão mais chances de fidelizar clientes, escalar vendas e se manter relevantes em um cenário cada vez mais digital e personalizado.”
*Guilherme Martins é cofundador da Eitri, plataforma para o desenvolvimento de aplicativos móveis.
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