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Opinião: o carnaval é a engrenagem econômica por trás das ladeiras históricas de Salvador

Movimentação econômica impulsiona setores durante a festa na capital baiana

Carnaval em Salvador (Agecom Salvador/Agência Brasil)

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Publicado em 24 de fevereiro de 2025 às 07h00.

Por Luís Eduardo Magalhães Filho, empresário*

Costumo dizer que o Carnaval é o maior laboratório de oportunidades que já conheci. Como empresário baiano, vejo em Salvador não apenas uma cidade, mas um ecossistema que aprende continuamente a equilibrar tradição e inovação. Todos os anos, a capital baiana recebe milhares de visitantes para a festa baiana e, em 2025, são esperados cerca de 850 mil turistas. Essa intensa movimentação deve injetar aproximadamente R$1,8 bilhão na economia local, impulsionando pequenas, médias e grandes empresas ligadas aos setores de serviços, hotelaria, gastronomia e eventos.

Identidade cultural e infraestrutura como diferenciais

O que faz de Salvador uma referência no Carnaval é a combinação de três elementos essenciais: identidade cultural, infraestrutura planejada e parcerias estratégicas. O axé, a capoeira, o samba-reggae e os blocos afro são expressões genuinamente baianas que seguem fortes, e os recentes avanços em segurança, como o uso de câmeras, ainda que precisem de aprimoramentos, indicam um caminho para garantir a melhor experiência de quem visita a cidade.

Desafios e modernização dos circuitos

Entretanto, ainda há muitos desafios pela frente: além da segurança, ampliar o diálogo entre poder público, empresários, trabalhadores, blocos culturais e moradores para evitar transtornos, modernizar os circuitos e melhorar a mobilidade são ações fundamentais para potencializar resultados, manter o protagonismo de Salvador e gerar novas oportunidades de renda para a população.

A união da indústria do entretenimento, por meio de associações como a ABRAPE, reforçaria a profissionalização e a segurança do Carnaval, pavimentando um futuro cada vez mais sólido para a festa.

Estratégias de marketing e engajamento dos turistas

Vejo com satisfação que outras cidades também têm carnavais relevantes, como o Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte e São Paulo. Tanto que as principais marcas do país têm na festa popular estratégias de marketing e oportunidades para seus negócios. Quanto mais conteúdo e autenticidade cada destino oferece, maior o engajamento dos turistas.

Ao empreender no ramo de entretenimento notei que não bastava apresentar boas atrações musicais: era necessário focar em estrutura, logística, conforto e, sobretudo, criar um ambiente que facilitasse conexões únicas.

Camarote Salvador e os 25 anos de história

Exemplo disso é o Camarote Salvador, que em 2025 celebra 25 anos de história. Começamos como um mirante para cerca de 800 pessoas, mas sempre tivemos o objetivo de proporcionar memórias inesquecíveis ao combinar música, gastronomia, cenografia e serviços de excelência. Ano após ano, refinamos detalhes e incluímos ações de sustentabilidade, como neutralização de carbono, gestão de resíduos, economia de água, apoio a projetos sociais e geração de renda.

Hoje, o camarote ocupa mais de 10 mil metros quadrados, divididos em dois palcos e dois mirantes voltados para o Circuito Barra-Ondina. O line-up inclui mais de 60 atrações, valorizando especialmente o axé, que em 2025 também comemora 40 anos. Estamos prontos para receber cinco mil pessoas por dia, sendo 90% delas turistas, criando cerca de 14.500 empregos diretos e indiretos.

Equilíbrio entre inovação e tradição

Claro que enfrentamos dificuldades e reveses. Encontrar o equilíbrio entre oferecer novidades e preservar a autêntica energia do Carnaval baiano exige diálogo e planejamento. Já ajustamos planos de expansão, revimos cronogramas, passamos pela paralisação durante a pandemia e até recusamos parcerias que não estivessem alinhadas à nossa proposta. Tudo isso ensinou que “dar certo” significa conhecer o público, respeitar a cultura local e trabalhar com profissionais comprometidos.

Festejar o Carnaval em Salvador continua sendo um divisor de águas tanto para quem visita quanto para quem empreende. Todos os anos, a festa se reafirma como patrimônio cultural e vitrine para o mundo, renovando-se sem perder a essência. Quem enxerga Salvador apenas como destino turístico pode não perceber a engrenagem econômica por trás das ladeiras históricas: movida pela alegria, ela faz o Brasil inteiro dançar ao ritmo do axé.

*Luís Eduardo Magalhães Filho é sócio da Premium Entretenimento, vice-presidente do Conselho de Administração da Rede Bahia e integrante do board da Construtora e Incorporadora Santa Helena.

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