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Opinião: nova política habitacional coloca classe média no caminho da casa própria

Famílias que ganham até R$ 12 mil mensais terão novas oportunidades de financiamento

Classe média terá mais chances de adquirir casa própria (Morsa Images/Getty Images)

Classe média terá mais chances de adquirir casa própria (Morsa Images/Getty Images)

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Publicado em 16 de outubro de 2025 às 15h00.

*Por Anderson Morais, Diretor Comercial da BRZ Empreendimentos 

A nova política habitacional anunciada pelo Governo Federal representa um divisor de águas no acesso ao crédito imobiliário, especialmente para famílias de classe média.

Estas famílias, nos últimos anos, ficaram presas entre dois mundos: não se enquadravam nas faixas do Minha Casa, Minha Vida e tampouco conseguiam arcar com os altos juros do financiamento tradicional. 

O modelo proposto, ao estabelecer um teto de juros e flexibilizar o uso dos recursos da poupança, promete devolver previsibilidade e ampliar o alcance do crédito habitacional no país. 

Como o novo modelo de financiamento foi negociado?

O principal avanço está na combinação de medidas que atuam tanto na base quanto na estrutura do sistema. 

A redução do depósito compulsório da poupança de 20% para 15% libera recursos que antes ficavam retidos pelo Banco Central, permitindo que os bancos direcionem esse montante para o crédito habitacional. 

Essa injeção imediata, estimada em R$ 35 bilhões pela Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), somada à previsão de até R$ 150 bilhões até 2026, tem potencial para estimular o mercado, gerar empregos e fortalecer toda a cadeia produtiva da construção civil

E como isso vai facilitar a compra da casa própria?

Surge um novo horizonte de possibilidades para quem deseja comprar a casa própria, ao se elevar de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões o teto do valor do imóvel financiado pelo Sistema Financeiro da Habitação, e permitir que a Caixa Econômica Federal financie até 80% desse imóvel. 

A mudança alivia o desembolso inicial de recurso próprio do comprador para a entrada e torna o sonho da moradia mais tangível para milhares de brasileiros. 

Além disso, o teto de juros de 12% ao ano para os financiamentos bancários com recursos da poupança garante maior previsibilidade para o comprador, permitindo um planejamento financeiro mais seguro e de longo prazo. 

O intuito é beneficiar as famílias de classe média

Famílias com rendimentos entre R$ 12 mil e R$ 20 mil mensais, até então excluídas das linhas de crédito subsidiado disponíveis, como o Minha Casa Minha Vida ou programas de subsídios estaduais, passam a ter acesso a um modelo de financiamento com condições compatíveis à sua realidade econômica. 

Trata-se de um grupo expressivo, que movimenta o mercado e que vinha adiando a compra da casa própria por falta de alternativas viáveis.

Entretanto, as mudanças trazem alguns desafios 

Os principais são manter o interesse dos bancos em disponibilizar crédito imobiliário com o teto de juros imposto pela medida, e o risco de esgotamento da poupança, que tem registrado recordes nos saques nos últimos meses. 

Do início de 2025 até agora, houve uma saída líquida de R$ 78,5 bilhões da poupança, sete vezes maior do que no mesmo período de 2024. 

Atualmente, o saldo da caderneta é de R$ 1 trilhão. Por isso, a utilização mais eficiente dos recursos desse produto e a diversificação das fontes de captação por meio de instrumentos como LCIs, CRIs e fundos imobiliários serão fundamentais para garantir a sustentabilidade do novo modelo.

Mais do que estimular a construção civil, essas medidas recolocam a classe média no caminho de realizar o sonho da casa própria, contando com um cenário onde há previsibilidade, crédito acessível e políticas bem calibradas. 

O país pode, finalmente, voltar a transformar o sonho da casa própria em realidade. 

*Anderson Morais é Diretor Comercial da BRZ Empreendimentos, incorporadora nascida em 2010, em Belo Horizonte. Com inovação em seu DNA, a companhia investe fortemente em ações de tecnologia dentro de seus projetos. 

 

 

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