A gamificação não deve ser vista apenas como uma ferramenta, mas sim como um espelho (visualspace/Getty Images)
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Publicado em 5 de agosto de 2025 às 15h00.
Nos últimos anos, com os avanços da inteligência artificial, a gamificação vem ganhando um espaço estratégico para gerar mais engajamento dos colaboradores das empresas. Esse movimento ganha cada vez mais força porque já é comprovado que incorporar elementos de jogos, como, por exemplo, desafios, recompensas, feedbacks constantes e rankings aos treinamentos corporativos aumentam o envolvimento das equipes e promovem mudanças de comportamento reais.
De acordo com uma pesquisa realizada pela plataforma global TalentMS, 88% dos colaboradores afirmaram estar mais felizes no trabalho após a gamificação, enquanto 61% dos que foram treinados de maneira tradicional se sentem entediados ou pouco produtivos.
Porém, um ponto importante precisa ser lembrado e que vale como provocação: os líderes sabem jogar junto ou apenas sabem mandar? Infelizmente, ainda é bastante comum vermos lideranças tratando a gamificação como uma ferramenta para os outros, delegando a sua aplicação aos times de RH ou Comunicação Interna, deixando de participar do processo.
Ao deixarem de se envolver genuinamente, essas lideranças perdem a oportunidade única de fortalecer os vínculos com as equipes, além de poder desenvolver os soft skills e até mesmo identificar potenciais talentos, assim como passam uma imagem negativa de que o jogo é importante apenas de baixo para cima, e não como uma cultura organizacional integrada. O fato é que muitos líderes ainda podem enxergar o jogo como lúdico demais ou não suficiente para o seu nível hierárquico, o que é um grande erro.
O verdadeiro líder está na empresa para servir aos colaboradores, equilibrando autoridade com empatia, escuta ativa e capacidade de se adaptar. Liderar por meio do jogo significa entender que a colaboração supera a imposição e que a experiência de aprender com o time é sinal de força, e não fraqueza. O autêntico líder participa, compete saudavelmente, celebra as conquistas dos outros e assume as suas próprias vulnerabilidades. Isso vai muito além do carisma: demonstra senso de coletividade.
Para ser um bom líder, é preciso trabalhar com propósito, abrir mão do controle, experimentar o protagonismo coletivo e, ao mesmo tempo, ter leveza e ser humano. A meu ver, a gamificação não deve ser vista apenas como uma ferramenta, mas sim como um espelho, porque ela revela exatamente como cada um se comporta sob pressão, coopera em grupo, reage a falhas e celebra as vitórias. Muito provavelmente essa seja a principal competência de liderança em tempos em que o digital está cada vez mais presente: acolhimento e calor humano.
*Samir Iásbeck, CEO e Fundador do Qranio, plataforma LMS/LXP customizável que tem como objetivo auxiliar empresas na criação de programas de treinamentos personalizados para seus colaboradores e que usa gamificação para estimular seus usuários com conteúdos educacionais.
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