(Klaus Vedfelt/Getty Images)
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Publicado em 8 de maio de 2025 às 15h00.
Última atualização em 8 de maio de 2025 às 15h04.
Por Aline Ferreira, Diretora Executiva da Demà Aprendiz*
Vivemos em um país onde as desigualdades sociais ainda impõem barreiras à juventude. Nesse contexto, o intercâmbio sociocultural surge como uma ferramenta poderosa de transformação, capaz de ampliar horizontes e despertar o protagonismo juvenil. A recente experiência de dez jovens do interior do Tocantins em Barcelona é um exemplo concreto desse potencial.
A iniciativa foi viabilizada pelo Programa Jovem Trabalhador — uma parceria do Governo do Tocantins com a Demà Aprendiz, tecnologia social da Renapsi (Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração). Essa experiência proporcionou aos participantes não apenas a oportunidade de conhecer outra cultura, mas também de refletir sobre suas próprias trajetórias à luz de novas vivências. Em contato com jovens da Colômbia, Marrocos, Equador e Espanha, os brasileiros mergulharam em debates sobre desafios sociais comuns, construindo uma rede de troca e empatia que transcende fronteiras.
Os jovens participaram de atividades educativas, interagiram com autoridades locais e vivenciaram, pela primeira vez, a sensação de pertencer a uma comunidade global. Foi para eles o primeiro passaporte, o primeiro voo internacional, mas também o primeiro olhar além dos limites geográficos de sua realidade.
A história da jovem Ana Carolina Prudêncio, de Nova Rosalândia, é emblemática. Aos 21 anos, tornou-se símbolo de inspiração em sua comunidade após retornar do intercâmbio. Sua recepção calorosa pelo prefeito local, e o fato de ter sido concedida uma moção de aplausos em sua homenagem por parte da Câmara Municipal da cidade, são apenas uns dos muitos sinais de que essas iniciativas geram impactos que reverberam para muito além dos envolvidos diretamente.
Dados do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS) e da FGV reforçam essa percepção: 64% dos jovens beneficiados por programas de transferência de renda superam a dependência na vida adulta, e 45% ingressam no mercado formal de trabalho. Esses números evidenciam o que a vivência confirma: quando o acesso à educação se alia a oportunidades concretas, o ciclo da vulnerabilidade começa a se romper.
É preciso destacar também o protagonismo feminino nesta edição do programa. Oito das dez participantes eram mulheres — um dado que reflete a crescente inserção feminina em projetos de aprendizagem e aponta para um futuro mais inclusivo e representativo.
Desde que iniciei minha trajetória na aprendizagem, há mais de duas décadas, testemunhei inúmeras histórias de superação. Acompanhar de perto esta experiência internacional foi reafirmar uma convicção antiga: a transformação social começa quando confiamos nos jovens, quando os enxergamos como agentes de mudança e lhes oferecemos ferramentas para construir seus próprios caminhos.
O intercâmbio promovido pela Demà Aprendiz já transformou a vida de jovens de Goiás, Tocantins e, em breve, alcançará também o Rio Grande do Sul — estado duramente atingido por uma catástrofe climática há cerca de um ano. Em todas as edições, o propósito é o mesmo: formar cidadãos globais, independentes financeiramente, críticos, engajados e conscientes de seu papel na sociedade. Cada nova oportunidade reafirma nosso compromisso com um Brasil mais justo e inclusivo, onde a juventude, muitas vezes invisibilizada ou desacreditada, assume o lugar de protagonista na construção de um futuro com mais dignidade e esperança. Porque investir nos jovens é investir no futuro — e o futuro é agora!
*Aline Ferreira é formada em Administração pela PUC/GO e pós-graduada em Gestão de Projetos e Gestão Estratégica de Negócios pela IBMEC, com 22 anos de experiência no Terceiro Setor. Iniciou sua carreira na Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração (Renapsi) em 2003, como instrutora, e ao longo dos anos adquiriu uma forte experiência na área de aprendizagem e na execução destes programas. Atualmente, ocupa o cargo de Diretora Executiva da Demà, sendo responsável pela gestão e implementação do programa nas 25 unidades da Renapsi.
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