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Opinião: financiamento climático e mercados de carbono são chave para o futuro

Na rota da COP30, discutimos como financiamento climático é a chave para uma transição sustentável, mas é necessário superar desafios de integridade, regulamentação e mobilização de capital privado

 (ARMMY PICCA/Getty Images)

(ARMMY PICCA/Getty Images)

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Publicado em 22 de setembro de 2025 às 10h00.

Por Bruno Barata*

A ambição de transformar a matriz energética global, tão necessária quanto urgente, esbarra em uma realidade inescapável: a conta é alta. Estamos falando da maior realocação de capital da história recente. 

Para cumprir as metas do Acordo de Paris e limitar o aquecimento global, trilhões de dólares precisam migrar de atividades de alto carbono para soluções sustentáveis. A COP30, em Belém, será inevitavelmente a "COP das Finanças". Por isso, entender como financiar o futuro é o desafio central do nosso tempo.

O risco climático já foi internalizado pelo sistema financeiro global. Não se trata mais apenas de responsabilidade social corporativa, mas de sobrevivência econômica. 

Secas severas, eventos climáticos extremos que destroem infraestruturas e a pressão regulatória crescente sobre emissões já impactam balanços patrimoniais e avaliações de risco de crédito. 

O custo da inação começa a superar, em muitas análises, o custo do investimento na transição.

Contudo, os recursos públicos, por si só, são insuficientes para bancar essa transformação monumental. É imperativo mobilizar o capital privado em escala sem precedentes. Para isso, mecanismos inovadores estão sendo desenvolvidos e aprimorados. 

O Blended Finance – que combina capital público (de bancos de desenvolvimento ou multilaterais) com capital privado para reduzir os riscos de projetos sustentáveis – surge como uma ferramenta vital, especialmente para tecnologias emergentes como o hidrogênio verde. 

Da mesma forma, a emissão de Títulos Verdes (Green Bonds) e Títulos Vinculados à Sustentabilidade (Sustainability-Linked Bonds) cresce exponencialmente, direcionando investimentos para projetos e empresas comprometidos com metas ambientais claras.

Mercado de carbono e desafios no Brasil

Mas talvez a ferramenta mais estratégica e debatida no Brasil hoje seja o Mercado de Carbono. A precificação do carbono é reconhecida internacionalmente como o meio mais eficiente para incentivar a descarbonização em larga escala. 

Ao colocar um preço na poluição, criamos um incentivo econômico direto para que as empresas invistam em tecnologias limpas e processos mais eficientes.

Paralelamente, o potencial do Brasil no mercado voluntário de créditos de carbono, especialmente aqueles oriundos de soluções baseadas na natureza (como a conservação florestal e a agricultura regenerativa), é colossal. 

Esses créditos podem financiar a proteção da Amazônia e do Cerrado, por exemplo, gerando receita para comunidades locais e proprietários rurais que preservam.

No entanto, esse mercado enfrenta desafios significativos de integridade e transparência. A confiança é a moeda mais valiosa nesse novo ecossistema. 

Para que o Brasil se consolide como líder global, é essencial garantir que os créditos gerados sejam reais, mensuráveis e adicionais, evitando o fantasma do greenwashing. 

Além disso, o combate intransigente à ilegalidade ambiental é um pré-requisito para a credibilidade do país.

Regulamentação e segurança para investidores

A regulamentação clara e a estabilidade jurídica são os pilares para atrair o capital necessário. Investidores buscam previsibilidade. O desafio brasileiro é criar um ambiente de negócios que seja, ao mesmo tempo, ambicioso em suas metas climáticas e seguro para o investimento de longo prazo.

A complexidade desses instrumentos financeiros e a necessidade de alinhar os interesses de governos, reguladores, investidores e setor produtivo exigem um diálogo aprofundado e multissetorial. 

É nesse cenário que o Pre-COP30 Global Summit, em novembro no Rio de Janeiro, ganha importância estratégica. O evento dedicará painéis específicos para debater a "Liderança em Financiamento Climático através do Investimento" e os modelos cooperativos para os "Mercados de Carbono", reunindo alguns dos principais atores nacionais e internacionais dessa agenda.

Discutir abertamente os gargalos e as soluções para o financiamento climático não é apenas uma preparação para a COP30; é uma definição do modelo de desenvolvimento que queremos para o Brasil. O preço do futuro está sendo definido agora. 

Se conseguirmos estruturar um sistema financeiro verde e um mercado de carbono íntegro, teremos a oportunidade de liderar a nova economia global.

*Bruno Barata é advogado e CEO do New Law.

Acompanhe tudo sobre:COP30Sustentabilidade

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