Torres de energia elétrica (massimo colombo/Getty Images)
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Publicado em 18 de agosto de 2025 às 07h00.
Por André Almeida*
A chegada de grandes operadores globais de data centers ao Brasil marca um novo momento para o setor elétrico. Ao mesmo tempo em que representam um avanço da transformação digital no país, essas estruturas também pressionam o sistema de energia com uma demanda inédita, constante e acelerada.
Nos últimos anos, a inteligência artificial intensificou de forma expressiva a demanda por capacidade computacional. Esse avanço tecnológico impulsionou a expansão de data centers no mundo, consolidando essa infraestrutura como elemento-chave para o funcionamento da economia digital.
No Brasil, os data centers instalados já contabilizam uma carga de 800 MW. Segundo o Ministério de Minas e Energia, a demanda potencial pode chegar a 13,4 GW até 2038, um volume significativo em relação à carga atual.
A energia elétrica é o principal insumo para a operação dos data centers. É nesse ponto que o Brasil se torna competitivo: possui uma matriz diversificada, limpa, renovável e com ampla capacidade de expansão, especialmente por meio da energia solar e eólica. A abundância e competitividade dessas fontes colocam o país como destino natural para investimentos no setor.
Hoje, o desafio está além da geração. Infraestrutura de conexão, segurança e estabilidade do fornecimento também são pontos críticos. A tendência é que os centros migrem para regiões próximas aos polos de energia renovável, como o Nordeste, para reduzir perdas e aumentar a eficiência. Mas essa decisão exige investimentos robustos em transmissão, sistemas de backup, inteligência operacional e regulação adequada.
Mais do que acompanhar o crescimento dos data centers, é hora de integrá-los estrategicamente à expansão energética do país. O Brasil já dispõe dos recursos certos e tem todas as condições para se tornar um hub global de tecnologia limpa. Resta agora acelerar a convergência entre tecnologia, regulação, segurança de fornecimento, energia renovável e investimento estruturado, consolidando o país como referência global em inovação sustentável.
*André Almeida é gerente comercial da Echoenergia.