Indústria têxtil brasileira volta a aquecer com novas decisões judiciais (Smaderevac/Getty Images)
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Publicado em 17 de novembro de 2025 às 10h00.
Por Ana Paula Jardim Ciuffa Pustiglione, Diretora Executiva da Abrafas.
A indústria têxtil brasileira, pilar estratégico da economia nacional e intensiva em mão de obra, vive um momento decisivo de renovação.
O que testemunhamos hoje é um novo e vigoroso ciclo de investimentos em tecnologia, sustentabilidade e modernização, impulsionado por um ambiente de negócios que, felizmente, se torna mais previsível, justo e equilibrado.
Este vigor renovado não é casual. Ele é o resultado direto de uma atuação assertiva, técnica, fundamental e alinhada com as políticas de reindustrialização do governo brasileiro.
A recente aplicação de uma medida antidumping provisória para fios de poliamida, após investigação aprofundada que comprovou práticas de dumping de um único exportador chinês, foi determinante para reconhecer a concorrência desleal e restaurar a isonomia competitiva no mercado.
Ao coibir importações com preços predatórios de agentes específicos, a política industrial do país sinaliza claramente que valoriza a produção nacional e os empregos qualificados.
Essa postura não visa fechar o mercado, já que a importação de insumos de fornecedores que praticam o comércio justo, independentemente da origem, continua sendo uma realidade saudável.
A iniciativa tem por objetivo garantir que a competição se dê em bases legítimas. Estudos independentes demonstram que o impacto inflacionário sobre os preços é irrisório, sem risco de desabastecimento de fios.
Com a garantia de um campo de jogo equilibrado, as indústrias do setor retomaram planos de investimentos robustos que estavam em espera.
Anúncios de aportes significativos em modernização de plantas industriais, eficiência energética e, crucialmente, em inovação, voltaram a ser realidade.
Isso se traduz em pesquisa e desenvolvimento de fios de alto valor agregado, poliamidas recicladas, processos produtivos com menor pegada de carbono e soluções que colocam o Brasil na vanguarda da sustentabilidade global.
Foi a indústria brasileira que lançou a primeira poliamida biodegradável do mundo e, durante a pandemia, desenvolveu em tempo recorde um fio antiviral para máscaras e materiais hospitalares que desativava o coronavírus.
Outras inovações incluem fios que melhoram a performance esportiva e conforto, além de fios sustentáveis que reduzem o consumo de água no processo produtivo das malharias e tecelagens.
É preciso lembrar que o Brasil possui a única cadeia integrada de produção de poliamida da América Latina. Preservar essa estrutura contra práticas desleais não é protecionismo; é defender um ativo estratégico para a soberania industrial do país.
Cada investimento na indústria de base reverbera positivamente por toda a cadeia.
Ele sustenta empregos qualificados, fortalece o design nacional e garante a competitividade dos milhares de postos de trabalho nas confecções que compõem os polos têxteis do país.
A indústria nacional está fazendo sua parte, investindo em tecnologia e inovação verde.
A decisão do governo de assegurar, através de mecanismos legítimos e internacionalmente reconhecidos como o antidumping, que a competição seja justa, foi o passo fundamental para habilitar este futuro.
A ABRAFAS celebra este novo momento, confiante de que o talento brasileiro e o capital aqui investido podem, em um ambiente de regras claras, competir em pé de igualdade, tecendo um futuro mais forte e próspero para o Brasil.