(peshkov/Getty Images)
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Publicado em 21 de julho de 2025 às 15h00.
Por Sérgio Muniz*
A transformação digital no setor de aviação avançou de forma exponencial nos últimos anos, impulsionada pela modernização dos aeroportos, pela automatização dos processos e pela digitalização dos serviços aos passageiros.
Nesse contexto, a cibersegurança tornou-se uma variável ainda mais crucial, não apenas para prevenir ataques, mas principalmente para garantir que um ecossistema tão complexo, interconectado e sensível continue operando de maneira segura, confiável e em conformidade com as legislações e regulamentações vigentes.
Os aeroportos modernos dependem de infraestrutura digital altamente integrada, que abrange sistemas de controle de tráfego aéreo, gerenciamento de bagagens, plataformas de check-in e emissão de bilhetes. Embora essa digitalização aumente a eficiência, ela também amplia a superfície de ataque cibernético, exigindo atenção constante e medidas robustas de proteção.
O gerenciamento de identidade e acesso (IAM) é um dos pilares dessa segurança. O controle rigoroso de quem acessa o quê, quando, de onde e em quais condições, é essencial para proteger ambientes críticos como áreas restritas de aeroportos, data centers, sistemas de reservas e atendimento ao cliente. Isso é ainda mais desafiador quando falamos de milhares de colaboradores diretos e terceiros atuando em diferentes turnos e localidades.
No setor aéreo, é essencial que a rastreabilidade, a conformidade com a LGPD e as normas da ANAC, além da fluidez operacional, caminhem juntas. Para isso, é indispensável o uso de tecnologias de ponta que aliem alta segurança a uma experiência fluida e eficiente. O setor também enfrenta ameaças reais como ataques de ransomware, phishing direcionado a funcionários de aeroportos e tentativas de invasão a sistemas de navegação. Além disso, a interdependência entre sistemas operacionais, bancos de dados de passageiros e plataformas em nuvem amplia os vetores de risco e exige atenção redobrada à segurança cibernética
Soluções como GridSure, um token baseado em padrão para uso nos ambientes onde o celular não está permitido, e políticas de autenticação , são ferramentas essenciais para mitigar riscos. A implementação de uma gestão de acesso moderna, ao mesmo tempo robusta e amigável, baseada em contexto, localização e dispositivo do usuário, permite às organizações reagirem de forma inteligente a tentativas de intrusão sem comprometer a experiência dos usuários legítimos.
Além disso, a segurança em nuvem ganhou destaque, especialmente com a descentralização dos sistemas aeroportuários. Proteger dados sensíveis de passageiros, cronogramas de voo e operações internas exige criptografia robusta, visibilidade em tempo real e compliance com normas internacionais como o GDPR e o ISO/IEC 27001.
Infelizmente, os casos de ataques cibernéticos a aeroportos estão se tornando mais frequentes e mais sofisticados. Há pouco tempo, o Aeroporto de Kuala Lumpur, na Malásia, foi alvo de um ransomware com pedido de US$ 10 milhões. Embora o governo tenha recusado pagar, o incidente demonstrou como sistemas críticos, como os de bagagem ou controle de tráfego, podem ser vulneráveis.
É preciso reforçar: nenhuma infraestrutura está imune. O que podemos fazer é mitigar riscos, adotando tecnologias de IAM modernas, criptografia de ponta a ponta, estratégias zero-trust e monitoramento contínuo. A cibersegurança deixou de ser apenas um item da agenda de TI. Ela é, hoje, uma prioridade estratégica para a continuidade dos negócios na aviação.
Mais do que uma obrigação técnica, investir em cibersegurança tornou-se um diferencial competitivo. Empresas que adotam soluções proativas de proteção digital ganham a confiança de passageiros e parceiros, fortalecendo sua reputação e reduzindo riscos operacionais.
O setor aéreo está entre os mais estratégicos e sensíveis à cibersegurança. Garantir que aeroportos e companhias aéreas estejam protegidos contra ameaças digitais é essencial para a continuidade dos negócios, a proteção da vida humana e a soberania nacional.
*Sérgio Muniz é vice-presidente de Vendas, Identity & Access Management da Thales na América Latina.
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