Liderar exige mais do que domínio técnico; exige presença, escuta e humanidade (BraunS/Getty Images)
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Publicado em 1 de outubro de 2025 às 13h00.
Última atualização em 1 de outubro de 2025 às 13h02.
Por Nathalia Gottheiner*
Nas últimas décadas, o ambiente corporativo transformou líderes em especialistas em números, metas e processos.
No entanto, quando o assunto é a qualidade da presença, a capacidade de escuta e a habilidade de construir confiança genuína, os escritórios, salas de reunião e plataformas digitais mostram seus limites.
E a provocação que quero trazer aqui é que justamente fora desses ambientes que alguns executivos têm redescoberto o que significa liderar.
O mundo corporativo moldou uma geração acostumada a liderar a partir de reuniões formais, relatórios e indicadores.
Contudo, quando se trata de desenvolver competências essenciais para o século 21, como empatia, escuta ativa e inteligência emocional, o espaço físico e mental que permeia os escritórios mostra suas limitações.
É fora deles, em experiências offsite, que muitos líderes estão descobrindo novas formas de se conectar com seus times e com eles mesmos.
Isso porque, ao sair do dia a dia, executivos encontram o distanciamento necessário para refletir sobre sua prática de liderança. Ambientes diferentes, seja na natureza, em atividades de imersão ou em dinâmicas coletivas fora da rotina, provocam novas percepções.
A ausência da mesa de trabalho e do celular constantemente ativo cria espaço para o silêncio, para a escuta e para o reconhecimento daquilo que não se vê nas planilhas: as relações humanas.
Algumas vivências offsite reforçam que liderar não é apenas tomar decisões racionais, mas saber inspirar confiança.
Em atividades que envolvem desafios simbólicos, o líder percebe que coerência, clareza de intenção e presença genuína importam mais do que títulos ou cargos.
A hierarquia some, porque não é possível construir colaboração se não há confiança, e essa só nasce da consistência entre discurso e prática.
Os offsites também promovem sinergia entre equipes. Quando líderes e colaboradores se encontram em contextos fora da rotina, hierarquias se suavizam, surgem novas conexões e a comunicação se torna mais autêntica.
A energia que se cria nesses encontros extrapola o momento e retorna para a empresa em forma de mais alinhamento, engajamento e cooperação.
No atual cenário, em que saúde mental, bem-estar e pertencimento são tão valorizados, experiências offsite deixam de ser luxo e passam a ser estratégia.
São momentos em que executivos podem se permitir vulnerabilidade, testar novos comportamentos e experimentar formas de liderar que dificilmente emergiriam dentro de um escritório.
Ao final, a lição é simples, mas profunda: liderar exige mais do que domínio técnico; exige presença, escuta e humanidade. E muitas vezes, para redescobrir essas habilidades, é preciso antes sair do lugar comum.
*Nathalia Gottheiner é fundadora do Centro de Treinamento Executivo Bosque Belo.